quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

AO LIXO COM AS TRALHAS DE 2009!!!!


Todas as tralhas que nos pesaram, que nos angustiaram, que nos prenderam, todas as tralhas do mundo para o lixo no fim de 2009!

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

domingo, 27 de dezembro de 2009

CONTO DE NATAL



Havia qualquer coisa no Natal que a enfadava. Já fora, para si, a melhor época do ano. Hoje não.
Nascia Jesus é certo, mas isso sentia-o todo o ano e todos os dias junto de si.
Era a “festa da família”, mas que família? A maior parte das pessoas não via nem sabia da família o ano inteiro, essa família com que se reuniam no Natal eram desconhecidos a quem compravam um presente só porque era Natal. Não sabiam do que gostavam, o que sentiam nem mesmo sabiam bem onde moravam. Eram família. Era Natal.

Na verdade, para muitos a família eram os amigos que adoravam e com quem partilhavam as horas e os dias, os que estavam ali ao lado todo o ano, aqueles com quem se sentiam em casa, que os procuravam e que procuravam. Com esses estariam em paz e sentiriam o Natal como uma festa não como um ritual que se repete monótono e quase gestual.
Sabia que para alguns a família era outra coisa, a comunhão das horas e a cumplicidade dos momentos, para alguns o Natal era rever e saber dos outros, esses outros com quem não partilhavam todos os dias mas com quem iam coleccionando segundos ao telefone e mensagens para que nesse repetir as palavras fossem deixando rastos de si mesmos. E esses rastos facilitariam a vida e as horas más, nesses rastos se albergariam os nadas que sabiam de todos e com eles estariam mais perto, mais dentro e mais presentes.
Para outros os amigos são isto mesmo, a família que não têm, que nunca tiveram e que só descobriram mais tarde, à medida que o tempo foi passando e que se iam deixando nos outros e os outros em si. Pena era que estavam todos demasiado ocupados a tentar encontrar família nos restos dela mesma. Demasiado ocupados a tentar encontrar um presente adequado que é sempre desadequado porque nesta busca apressada em que qualquer coisa serve só porque tem que ser, o tudo fica pelo caminho. O tudo é o que vale a pena. É a cumplicidade partilhada que se revela quando se oferece o que o outro verdadeiramente gosta, e a esta só ascende quem “perde” tempo a conhecer, quem está atento às palavras, quem ouve devagar e precisa desse tempo escondido que poucos encontram e fazem seu.
A euforia do presente consome o tempo e a alegria da procura, banaliza o gesto e diminui valor ao Natal.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

A MÚSICA

Naquelas viagens em trabalho ouviu vezes sem conta esta música, ouviu-a e cantou-lha porque sempre ouvira dizer que as crianças mesmo quando ainda não nasceram ouvem. E queria que ela sentisse como sentia essa felicidade imensa que fora saber que ela existia. Queria dar-lha de presente, queria fazê-la perceber que na vida alguém a queria muito e tinha tantas coisas para lhe ensinar, e tanto desejo de a ajudar a ser gente, de lhe mostar o mundo, a música, os livros e a poesia.

E esta música cantou-lha no tempo que esperou para ela chegar e depois, nas noites inteiras em que quase não dormia a pensar no que poderia acontecer. Cantou-lha muitas vezes como se ela fosse um rio tranquilo que a afagava, que as afagava às duas nos dias em que havia chuva e o frio não era apenas do tempo. Era de dentro e escuro. Cantou-lha quase sem voz perdida entre lamentos e lágrimas e por dentro do riso e dos dias bons.

Hoje continua a cantar-lha mas em silêncio, quando ela não está porque de novo voltam as imagens dos abraços em braços pequenos que a apaziguavam com o mundo e com as pessoas. Hoje continua a cantar-lha em voz alta para ela se lembrar que ela está ali.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Esta foto sou eu!


Esta foto sou eu!

Parabéns underskin!

A noite que era para ser a ver um filme






Naquela noite íamos ver um filme que nunca chegou a acontecer, havia tantas coisas para dizer que consumimos o tempo com a nossa conversa que de tão verdadeira invadiu a quele espaço e a nós. Gosto muito de cinema mas aquela conversa valeu por cem filmes E acho que havia lá mais alguém, alguém muito presente.Para uma casa com alma numa noite iluminada aqui fica música que a acompanha!

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

A Trip to England


Do not forget the flowers
Do not forget us
We will not forget your work and...
Still here waiting for the news about England.....
Nota:Foto de underskincomma.blogspot.com

sábado, 14 de novembro de 2009

A repetição dos dias

Digo para mim que amanhã é só mais um dia qualquer, um dia igual aos outros, em que as horas passam e nada mais. As mesmas coisas se repetem ou quase nada, só o movimento mecânico do acordar vestir e sentar. É só mais um dia, que temos que passar e esperar pelo outro e mais outro.

Olhamos para trás e pensamos que já fizemos tanto, tanta coisa, tanta coisa que não chega porque falta sempre. Não há paz que apazigue estas guerras, nenhuma paz. Só a mesmidade dos dias a lentidão do tempo e o relógio que nos desperta para sabermos que tem que ser que já é amanhã. Os mesmos gestos e as mesmas caras e o vazio colado

"I'm bleeding, bleeding hard...I'm nothing but the lonely soldier.I don't wonder who is right or is wrong. Sing this song for you to sing when I'm gone. I'm gone, now I'm gone I'm gone.

You are my cottonflower.

You are my cottonflower.. "

domingo, 8 de novembro de 2009

Mack The Knife - Ella Fitzgerald

Mack the Knife, adoooooro esta música...

Adeus

Nunca se disse Adeus. Seguimos todos a vida como se ela fosse a mesma.
Mas não era, eu não era e ninguém viu.
Chove tanto agora. Chove na terra toda e dentro de mim. Não me fui embora mas parece que sim. Todos acharam que sim, que nada mais havia a fazer. É preciso coragem para as palavras. As palavras não ditas criam toda a dúvida, e a dúvida afasta. Deviam ter vindo, as palavras, deviam ter apagado o silêncio e ter inundado a incerteza com a luz do que existe, do que é concreto e seguro.
Por vezes achamos que estamos nas pessoas, que elas são nossas e nós delas, mas não.
Começar tem este desígnio de ser preciso caminhar sozinho para se ter companhia. De nos desentranharmos de nós, de descontaminarmos a forma como nos damos aos outros, do que pensamos dos outros. Dos outros até.
Para sermos gente outra vez. E neste Adeus fictício achamos tantas vezes que o mundo acabou, quando, na realidade, ele começa. E aquela dor que sentimos quando olhamos para trás, para o que fomos, para o que fizemos, para todos os que lá deixámos, aquela mágoa estúpida que nos faz não querer estar lá e simultaneamente ter pena de não estar, este absurdo de dor é que nos faz duvidar da nossa mesma humanidade

domingo, 1 de novembro de 2009

RAIN SUSHI SAKAMOTO AND SUNDAY NIGHT








Sushi é mesmo como me tinham dito uma aventura deliciosa num dia de chuva, numa noite em que me bateram à porta e dexei entrar.

Ryuichi Sakamoto com esta "Rain" que adoro para agradecer a quem me mostrou o mundo a cores.



quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Green Eyes II

Os nós que nunca se desatam, que fazem a música que nunca nos deixa.....


Constança and her bags










Num mumdo onde tudo é tão igual acho que vale a pena conhecer quem faz diferente.




O blog é da Constança(saidosdaconcha.blogspot.com) visitem!



"Some girls are bigger than others"



Foi numa noite que a morte abriu a porta e a deixou assim
Numa noite estúpida que se pudesse apagaria.
Ainda hoje tem dentro de si o frio dessa noite de estio.
O frio entranhado que nada aquece. E os nós por desatar que hoje já fazem parte de si.
Os dias a seguir foram para aprender a vida e ensinar a vivê-la a quem disso nada sabia.
Hoje teve a coragem de sobreviver. Aquela coragem que só alguém Maior teria. A coragem mais difícil de todas, a de seguir em frente sem esquecer, sem nunca esquecer. Pegou nas "tralhas" da vida, voltou ao início e recomeçou.
E o vazio que podia ser apenas isso deu lugar a um espaço antigo pintado de novo, com jardim, janelas, escadas, um cão e corridas dos passos pequenos que nos devolvem o Mundo enfeitado. Onde ainda há o tempo para iluminar a vida dos outros e dizer-lhes que está aqui.
Nesse espaço dei por mim a pensar "some girls are bigger than others", The Smiths dixit.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

terça-feira, 29 de setembro de 2009


Havia um barco pequeno ao largo da ilha de mim. Dei por ele quase sem querer num dia em que não se via nada. As nuvens cobriam toda a atmosfera e o sol parecia ter desaparecido para sempre. De repente no meio de nada vi aquele barco. Parei e olhei em volta, achei que tinha saído daquela tormenta e entrado num lugar qualquer que existiria apenas fora de tudo. Voltei a olhar, mas via apenas o barco. Tudo o resto desaparecera. As pessoas, o mundo. Era só eu e aquele barco que de um momento para o outro se aproximou de mim, tocou-me levemente como quem chama a atenção de quem nada vê. Olhei para ele e lembro-me de ter pensado que estaria a dormir, tudo era estranho, denso, e no meio do nada aquele barco.
Pensei que fosse para subir, mas de cada vez que tentei ele afastou-se. Apeteceu-me virar-lhe costas e continuar a tentar abrir a porta do nevoeiro. Mas havia algo nele que não me deixava, queria definitivamente dizer-me qualquer coisa.
E eu, olhando para ele de longe, e ele atrás de mim a empurrar-me.
Queria urgentemente acordar.
Doía-me o corpo como se me espetassem facas, queria deixar-me cair em qualquer lado e aí ficar, queria voltar para dentro da neblina, sabia que esse não era o caminho, mas queria lá voltar. Sabia que por ali iria ter àquele lugar sombrio, acidentado, mas doentiamente sedutor.
Este barco tinha qualquer paz, que eu no meio de tanta guerra, desconhecia. E continuava ali, como alguém a olhar para e por mim. Subitamente, ao pé dele a vida mudava de cor, tudo parecia tão fácil, tão calmo e sereno. Devia ser bom, mas por que razão me assustava?
E eu insistia em subir e ele persistia em não me deixar.
Até que percebi. Percebi que não havia nada de mal ali, era apenas um mundo que eu desconhecia junto a algo que nunca experimentara.
Ele queria apenas navegar ao meu lado, queria que eu andasse com ele ao meu lado, mas que fosse eu a caminhar. Deixei-me ir, junto a ele, caí muitas vezes e ele, ao de leve e subtilmente, levantou-me.
Para a Micha, com toda a amizade, por me ter ajudado a ser o que sou hoje.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

ESPARVOAR 1


Haverá disto em saldos? Não, acho que não...
Não me resta senão esperar e beber café de saco.
Mas um dia ainda vou ter uma! Adoro um bom café.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

O NINGUÉM


José Luís Peixoto criou num dos seus livros uma personagem a que chamou Ninguém.

Hoje essa figura está dentro de mim, sou eu.
Eu sinto-me um Ninguém, como se a minha existência fosse surda, muda e cega.
Não quero voltar ao sítio onde vivi submersa debaixo de um lençol, mas tenho tanta raiva de mim mesma por lá ter ficado tanto tempo,
por não ter visto,
por não ser melhor,
maior,
por nunca ter coragem,
por nunca sair de dentro de mim,
por me ter sempre escondido e esconder,
por não saber de cor, como tantos, um caminho para chegar a um sítio qualquer em paz.
Queria ter um mapa, alguém conhece algum?
Alguém nos diz como, de que maneira gerir a vida sem escorregar?
Se calhar não há maneira, nem mapa, se calhar vou ser este Ninguém muito tempo, muitas horas.

Eu sei, já sei

que tem que ser,

que não há maneira,

que é assim mesmo,

eu já sei.

Mas não podia ser menos???
Nota:Foto, como sempre de underskin

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

AOS AMIGOS

Obrigada por existirem.
Obrigada por se lembrarem de mim.
Obrigada por me deixarem ser quem sou.
Obrigada por me aceitarem como sou.
Obrigada por estarem presentes numa altura em que isso implica sacrifícios
e abdicar do tempo para nós. Esse tempo já de si tão curto e voraz.
Obrigada por me fazerem rir quando eu só queria chorar.
Obrigada por não imporem condições, por estarem apenas aí.
Obrigada por me ensinarem coisas novas, coisas que convosco vivo, agora livre, com o vento a bater na cara e vontade de amanhecer.
É mais fácil assim, obrigada.

sábado, 25 de julho de 2009

HOMENAGEM


Houve um tempo em que os nós eram tão cegos que não nos deixavam caminhar, em que as pedras caíam sobre a estrada e nos obrigavam a cair também. Em que eu não via a vida com a coragem que hoje tenho e que contigo aprendi. Nesse tempo não era eu, era uma sombra de memórias presa, sozinha e fora de mim.

Hoje o tempo é o mesmo e ainda outro, mas continuamos aqui. Os dias os mesmos e ainda pedras que se soltam e nós por desatar, porque a vida teima que seja assim.

De uma forma invisível ao olhar da rotina, mas real depois de muitas palavras ditas e outras guardadas, a descoberta foi nascendo e segurou-nos. De repente olhamos para o lado e descobrimos um lugar novo que nasceu de um ombro onde deitámos a cabeça sem perceber. Essa é a conquista maior onde chegámos como dois tolos de mãos dadas. Tenho vontade de abraçar este Tempo e este Espaço, criação nossa onde agora vivemos. De o fechar em mim para nunca de cá sair. Porque nele renasço e me sinto viva.
A MJ com toda a amizade que há no MUNDO.
NOTA:Magnífica foto, como sempre de underskin!

domingo, 19 de julho de 2009

OS NÓS



Há um café onde vou que tem ao balcão uma senhora com quem falo de tudo e de nada. Chama-se Berta e conta-me, entre galões e sandes de queijo, o que a vida lhe tirou. Tem sempre um sorriso, mas nesses sorrisos está toda a tristeza do mundo. Os seus olhos são sempre um rio de lágrimas escondido. Fechou há algum tempo a porta da companhia e marcou a vida com a solidão. Porque lhe tiraram o Amor com que quis construir um caminho. E ela trancou-se com uma chave que perdeu para não mais se abrir. Pode estar a brincar com o mundo mas o seu rosto mente e lá dentro há uma dor infinita que nunca passa. Uma melancolia que se pressente e que já não tenta esconder. Aqueles olhos dizem com um grito surdo o que muitos não ouvem nem vêem, que as manhãs agora são todas iguais e que nunca mais irá voltar a deixá-los sorrir. Gosto dela porque sem pedir licença contou-me como perdeu essa vida (tenho esta coisa estranha de levar as pessoas a falar de si, acho que é porque não me limito a dizer bom dia, gosto de saber os nomes e pergunto pela vida, sou assim…) e como todos os dias os seus olhos deitam lágrimas à conta disso. Gosto dela porque apesar desse desgosto e desse nó que nunca desata, porque não quer, ainda encontra forças para se levantar e ouvir os outros. Gostava de poder apagar essa tristeza que a consome, mas digo até amanhã e volto no dia a seguir para ver os seus olhos cheios de lágrimas escondidas que poucos vêem.

JLP revisitado


Acabei de ler “Uma casa na Escuridão”
Não queria, adiei-o até não poder mais. É sempre assim com os livros de JLP, adio o final como se esse adiar da separação, já de si inevitável, me deixasse menos órfã. Só faltavam três folhas e eu até já sabia o final (sim sou daquelas maluquinhas que lê o fim antes do início, é inevitável, faço sempre isto…) mas queria aquele livro mais tempo, queria que aquele livro fizesse parte de mim mais dias. Até que acabei. Mas ainda não o arrumei dentro de mim, ainda ando com ele às voltas a pensar na maneira como ele chegou até mim e me esmagou literalmente.
Pode dizer-se que “Uma casa na Escuridão”
é a história de uma casa, ou dos dias que passam nessa casa, e das pessoas que moram nessa casa, mas isso seria reduzir a nada uma história cheia de tudo, porque “Uma casa na Escuridão” é muito mais, é a vida de um escritor que ama uma mulher que vive apenas dentro de si. Uma mulher que morrera, mas que vivia dentro de si. E que ele amou como nenhuma, e é esse amor que no fim vem buscar a vida para um outro sítio. É a história de uma família numa casa num lugar qualquer. A ausência do espaço definido, o tempo dos sentidos, as personagens imaginárias e o conceito imperfeito dessa família que existe sem existir. A crueldade do mundo escrita e dita sem hora e sem a marca do concreto. A Dor toda que nos invade e consome, em vidas como a nossa sem o serem. E que no final tudo compõe como um conjunto perfeito ou imperfeito.

“Uma Casa na Escuridão”trouxe-me uma comoção sublime em cada página que li. Iluminou-me como pessoa, tornou-me maior e mais viva, apesar de todo o sofrimento e melancolia que o trespassa. Abriu-me muito os olhos e aprofundou uma dimensão guardada, envergonhada. Trouxe-a à superfície e agora sou maior à conta disso. Todas as suas palavras entram em nós violentamente e acordam-nos do torpor. Apetece declamá-las, dizê-las alto para que se tornem ainda mais reais. Os sentimentos definidos dentro de caixas de emoção, aquela emoção contida que receamos mostrar. A vida a passar e as imagens que nos despertam para o que acontece, para o que damos conta mas em que nunca pensamos. Magnífico apenas.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

A cabeça das crianças

Mamã!Mamã!Quem montou a minha cabeça??Quem?
A mãe olha e pensa, quem o quê?
A tua cabeça não é a dos bonecos!Os meninos nascem das barrigas das suas mães e crescem lá dentro, percebes?
Não acho que não percebe por volta à carga como é habitual quando a resposta não lhe agrada(engraçado que há adultos que ainda guardam estes tiques de criança...)
Não. Quem montou a minha cabeça?Quem montou a minha cabeça?Quem montou a minha cabeça?
Mas já te disse que a tua cabeça não é como a dos bonecos de brincar, é uma cabeça de pessoa, de criança como a minha. E, como já te disse, as crianças nascem da barriga das mães e crescem lá dentro, entendes?
Ahhhhh, Ah, ah, ah ã ó mamã tu és tão gira, és mesmo engraçada, dentro da barriga...., és mesmo gira......
Está bem já percebi que não vale a pena...
Quem montou a minha cabeça, diz lá??????????

A VIDA EM MUDANÇA

Alguém disse uma dia:"por vezes temos que nos perder para nos encontrar"... Eu já me perdi inúmeras vezes mas em muito poucas me soube encontrar, acho que só uma vez e digamos que ainda só encontrei metade.!(ainda estou a caminho...)
Perder implica mudar e mudar dá muito trabalho, é preciso sacudir o pó, deitar fora os trapos velhos, subir e descer escadas, achar que sim e depois achar que não, não saber e saber, desejar e não querer...e no meio disto tudo encontrar o que vale a pena. E o que é essa coisa que vale a pena onde finalmente nos encontramos?Não sei. Lamento mas ainda estou no esboço, ainda me engano muitas vezes e ainda caminho com andas. Só que desta vez não lamento ter-me perdido porque no meio do nada surgiu tanta coisa. Eu achava que isto era conversa fiada de quem nunca tinha sofrido nada, mas não é. Virarmo-nos do avesso não é só mau, digo isto com propriedade, porque me aconteceu, e não quero voltar àquele tempo em que eu não era o que sou hoje, gosto muito mais de mim assim. Não quero mesmo. Por isso, por vezes temos que dizer adeus a essas vidas e criar novas, e no meio de tanta dor, descobrir o tempo, as pessoas e os caminhos, porque eles chegam, estão lá, nós é que não estamos.
A Uma Pessoa em Mudança, FORÇA e bem vinda à imperfeisssão!

sábado, 20 de junho de 2009

JOSÉ LUIS PEIXOTO



Leio sem descanso José Luís Peixoto. Leio e não consigo parar. O que, aliás me tem acontecido com todos os seus livros.
Comecei ao contrário, como começo muitas vezes, muitas coisas, na vida(gosto de ir ler o fim dos livros, mesmo que não perceba nada porque ainda não li o princípio, gosto de ler as dedicatórias das músicas antes de as ouvir, enfim criatura por demais imperfeita no seu reino). Assim, a minha estreia deu-se com o “Cemitério de Pianos”. Não por razão nenhuma profunda. Ouvira aqui e ali coisas sobre JLP. Lera umas entrevistas, etc…E, confesso aqui, gostei imenso do título, esta é a mais pura e verdadeira verdade. Achei que alguém que escolhe este título para um livro merece ser lido. Bem sei que as duas nem sempre andam aliadas, mas neste caso aconteceu.
Por isso foi um começar de alma aberta, sem recomendações, ou ideias feitas vindas de criticas literárias (que raramente leio porque a linguagem é tão hermética, tudo é tão profundo e perfeito que fico sempre sem saber se o livro vale ou não a pena…e o que escrevo não pretende ser qualquer crítica).
Comecei assim e depois já não parei mais, “Nenhum Olhar”, “Cal” e agora, “Uma Casa na Escuridão”. Ainda não li toda a sua obra, mas vou ler.
JLP chegou até mim numa altura em que quase não lia nada de novo, além de trabalho e jornais. Estava desencantada com os livros e com quem escreve. E já li muito, muitas coisas, umas melhores, outras piores. Mas agora só leio o que verdadeiramente me atrai, aquilo que acho que me encanta, e já não me importo de iniciar um livro e não o acabar. Se ele não me apaixona, abandono-o, sem dó nem piedade. A vida é muito curta e o tempo precioso para se perder com textos que me enfadam. E, assim, acordei para uma revelação, tal e qual. Descobrir JLP foi como abrir uma cortina e deixar entrar a luz. A sua escrita é de uma emoção incontida de uma verdade autêntica que fico parada depois de ler uma página e outra, pasmada a reler e a pensar que as suas palavras, as suas ideias, por vezes surreais, mostram de uma forma completa o que é a vida e o que podemos sentir em dado momento sem que jamais o consigamos verbalizar desta forma.
Gostei muito de “Cemitério de Pianos”, mas deslumbrei-me mesmo com “Nenhum Olhar”. Como é possível alguém escrever com tamanha verdade? Como é possível uma imaginação tão grande, inovadora. Acabo de ler um livro dele e apetece-me voltar ao início, e isto só me sucedeu com muito poucos autores. Acontece-me ainda com o meu autor Maior, aquele que faz parte de mim e que muitos odeiam mas por quem eu tenho uma admiração quase imortal, Vergílio Ferreira. Era este o meu padrão máximo quando comecei a ler JLP. E ele criou a mesma alegria, o mesmo desejo parvo de escrever acerca das coisas palavras por si escritas, de as repetir e revelar, não como se fossem minhas como é óbvio, mas uma vontade enorme de o citar a propósito de nada.
Não gosto muito de analisar até à exaustão as obras que leio, aborrece-me estar a adivinhar o que alguém sentiu quando escreveu, só escrevo sobre o que a escrita provoca em mim, correndo o risco de o seu autor pensar que não imaginou que tal fosse possível. Ele é quase o meu autor Maior, ainda não é porque no que à sua escrita diz respeito ainda estou a caminho mas não vou parar e voltarei a ele aqui mais à frente.
NOTA:mais uma foto lindíssima de "underskin"

sexta-feira, 19 de junho de 2009

O REGRESSO

VOLTEI....
Este foi um momento de absoluta falta de ideias. O vazio total, estava cheia de vazio, tão cheia que não havia espaço para mais nada a não ser a falta de tudo! Nada preenchia nada, nenhuma emoção, nenhum desejo só uma pasmaceira gigante. A vida foi correndo indolente e idêntica e eu fiz o que faço todos os dias dentro de um enorme vazio. Não sei muito bem se ele vai continuar aqui, espero que não, não é que se sinta muito a falta mas eu fico melhor quando venho aqui. Acho que isto faz parte de mim, criatura por demais imperfeita...tenho pouca disciplina e pouco tempo para estar sozinha que é quando escrevo melhor. E pouco tempo para olhar a vida com outros olhos, pouco tempo ou falta de disciplina, ou culpa, medo e remorsos idiotas???Vou voltar a isto, até já...

domingo, 24 de maio de 2009

A Noite a partir de Al Berto



“A Noite, a partir de Al Berto”

Quero escrever mas não tenho palavras….acho-as pobres, toscas, infinitamente pequenas para descrever tanta beleza tanta magia e encanto.
Ouvi, vi, amei. Fiquei parada, pasmada a pensar, apetecia-me prender aquelas palavras para sempre a mim e não conseguia porque a seguir vinham outras e outras e outras e em catadupa enchiam-me a alma. Quis guardá-las em mim para as relembrar agora mas elas foram de uma violência poética tão sublime que não consigo reproduzir.
Já conhecia a obra de Al Berto, li e reli poemas seus, fazem parte de mim. Mas entregarem-mos assim desta forma foi como a primeira vez. Estava lá tudo, porém era uma prenda antiga com um embrulho novo.
Duas pessoas em palco a declamar a vida e os momentos por que muitas vezes passamos, mas que a existência pobre sem destino nem poder escondeu, ocultou, fechou. Incapazes apenas de verbalizar com semelhante dor, agonia e desespero, a enormidade do pensamento. Impotentes até para alcançar assim esse pensamento.
Duas pessoas apenas, que cheias, tão cheias de tudo nos devolveram as palavras vestidas de verdade, não aquela que vemos, a que existe para lá disso em que pensamos, a que escondemos com medo do ridículo. A que evitamos com pavor do que é novo e velho. As palavras abertas na nossa memória a ecoarem o tempo, a paixão violenta que nos abana como um vendaval imenso sem eira nem beira.
Duas pessoas declamaram poesia pura como quem conta uma história, como quem diz um segredo, sem que com isso banalizassem ou destruíssem o seu sentido. Deram-lhes ainda mais vida, corpórea e visível.
Fiquei rendida e mais uma vez disse para mim mesma, que o tempo em que estou sentada nestas cadeiras compensa todas as horas medíocres onde tenho que andar…
Nota:Mais uma foto de underskincomma.blogspot.com!!!

OS MORTOS VIVOS E AS CRIANÇAS


Diz a criança a sua mãe nos dias sempre iguais:
- Mamã, os mortos vivos existem?
A mãe pára, será que ouviu bem, quê, mas que raio de desenho animado ela viu para fazer esta pergunta?Tenho de estar mais atenta, não tenho visto com cuidado o que ela vê, e agora e agora e agora? pensa, pensa, pensa, pensa..... Como a resposta não vinha, a criança insiste:
- Sim, mamã, sabes, os mortos vivos!
Responde a mãe, com aquelas respostas à mãe que nunca contentam os filhos mas que nós insistimos em dar:
- Sim, aliás, não, claro que não, isso são imagens dos desenhos animados, isso é fantasia, percebes, como os desenhos que se fazem, a seguir podemos rasgar tudo, com essas imagens é a mesma coisa OK?São apenas imaginárias - Ufa, pensa a mãe, acho que me safei, mas onde é que ela foi buscar isto?????
Mas ela volta porque já não se contenta com as respostas breves de sua mãe, não, agora já argumenta e pensa e debate...
- Ai isso é que existem, eu conheço pelo menos um...
- Mau mau mau...mas afinal que morto vivo é que tu conheces que eu nunca vi?????
E a resposta surge prontamente com a segurança e a certeza das suas convicções:
-Jesus. Jesus morreu e depois nasceu outra vez, logo é um morto vivo estás a ver!
- Ain, em, dã.....sim, pois...pois...dessa perspectiva...., talvez...ã....bem, mas Jesus depois foi para o céu para junto de Deus - diz a mãe apenas para dizer alguma coisa, mortinha que a conversa acabasse porque como vai explicar à criança, que, bem os mortos vivos não são bem assim, ou melhor afinal o que é um morto vivo? Nem ela sabe bem, é uma daquelas coisas em que nunca se pensa, mas não, ela pensa, ela associa...
- Não não mamã, não estás a perceber Jesus é um morto vivo, tu é que não estás a perceber está bem?Acredita, é.
Salva pela bomba de gasolina.....A mãe por fim desiste, que se lixe se ela quer achar que Jesus é um morto vivo que pense, afinal ela pensa e isso não é o mais importante?

segunda-feira, 18 de maio de 2009

A VIDA - Trying to escape II

"Trying to escape II"

Tenho uma vida clandestina onde só moro de vez em quando.
É uma vida por preencher para onde quero ir, mas onde só vou breves instantes.
Salto para ela, imagino-me nela e logo a seguir saio. Como se houvesse uma porta vai e vem, como se nela não pudesse ficar mais do que uns segundos, como a cinderela quando é meia noite. Deixo lá alguns sapatos de cristal, mas volto sempre à farrapice dos meus dias.
É uma vida censurada e mascarada com outra.
Entro nela sem que ninguém saiba, muitas vezes durante os dias. Imagino como será sendo essa vida a única.Imagino apenas.
Tenho as mãos presas com algemas invisíveis feitas de pensamentos e da comodidade do tempo. Incómodo sempre, mas preso preso preso a mim.
Imagino apenas, porque a outra, Poderosa, Cheia, está sempre a prender-me a ela, e atrasar-me o passo.
Mas hoje não, hoje é dia, e hoje vou rebentar a bolha à minha volta como se amanhã fosse morrer. Saltar para a vida, fechar os olhos e seguir...
NOTA: texto para a foto magnífica do underskin.comma.blogspot.com

terça-feira, 12 de maio de 2009

VIPS E AFINS

Há dias, alguns dias, li um artigo sobre a fama, ou os famosos como lhes queiram chamar. Confesso que fiquei nauseada, o termo não é bonito mas condiz na perfeição com o que senti.
Uma pessoa dita famosa auto - intitulou-se "opinion maker", mas opinion de quê? Se calhar sou eu que não dou muita atenção a estas coisas, pode ser. Mas, das poucas e breves vezes que ouvi essa pessoa, não fiquei grandemente impressionada acerca do conteúdo das suas opiniões, nem achei, confesso, que elas fossem úteis à vida de quem quer que seja. Conhecem o estilo:quem traiu quem, quem por que razões suspeitas decidiu sair à noite com um amigo(a) e não sair com quem devia, na opinião dessa pessoa, e por aí fora. Visionária esta pessoa, esquece-se que não obstante, as pessoas serem conhecidas, são pessoas, e que, por acaso, têm uma vida. Por isso se casam, cansam, saem, traem, são traídos, amam, comem e dormem. Não vejo qualquer razão obscura nisso e muito menos motivo de qualquer análise profunda, além do comentário informativo que a seguir se deita fora, tipo X já não gosta de Z, ou A vive com B. Ah sim?OK, lixo.
Mas não, pelos vistos há pessoas que não só acham esta informação importante como lhe dissecam razões transcendentes. Sei e compreendo que quem tem notoriedade pública tem algumas responsabilidades, e que muitas vezes são os próprios que a tudo isto se expõem, mas acho abominável ver a vida e as opções das pessoas expostas e comentadas como as Grandes Opções do Plano. Como se isso importasse algo de útil e proveitoso para a existência do comum dos mortais.
No mesmo artigo uma outra pessoa fazia sujeitar a revelaçoes escabrosas a publicação de um artigo acerca de determinada vedeta. Fiquei em estado de CHOQUUUUUE!Volto atrás, não posso ter lido isto, estarei noutra dimensão, noutro planeta?Como? Estarei, sim estou. Mas será possível que se atingiram tais proporções na publicação de artigos acerca das pessoas? Parece que sim. Estou ao contrário na vida, só posso!
A partir do momento em que contar pormenores íntimos passou a ser pré-requisito para se ser conhecido...só posso. Dir-me-ão, que isso já há muito tempo...Pois, eu imagino que sim. Mas digo-vos vê-lo dito, escrito, afirmado, publicado com toda a naturalidade, como se fosse banal deixou-me transida, pasmada, a pensar que a vida passou a ser de plástico. Isto afectou-me, confesso.
Eu já sabia que havia pessoas que lucravam com a sua imagem e não o condeno, sejamos práticos, um contrato publicitário rima com milionário. E o dinheiro faz falta, ajuda sobretudo a marimbarmo-nos para os outros e a fazer o que nos dá na gana, que é basicamente o que gostamos sem ter que pensar no trabalho rotineiro, chato. Certo. E, aliás, se o produto que se publicita for bom, pelo menos podemos tirar daí alguma satisfação. Até aqui eu entendo e até acho simpático que a imagem sirva algumas causas nobres, ainda que pagas.
Eu também já sabia que havia pessoas que eram pagas para aparecer em festas. Não percebo bem é esta lógica. Não me consigo imaginar com a vida condicionada a ir aqui ou ali como forma de sobreviver. Mas ir a festas fazer o quê?Tirar fotos?Aturar horas infinitas de gente melga, autocolantes sem fim agarrados à sola do sapato?Não, não percebo. Para mim essas coisas deveriam servir para dar a conhecer algo de bom, um livro, um espectáculo, uma peça de teatro, um filme, um quadro, uma descoberta científica, etc. Não estou a armar-me em pseudo intelectual, mas pelo menos nestes casos alguém mostra ao mundo uma coisa boa que criou e que até o pode tornar melhor.Que pode inspirar outros a criar imagens, palavras, músicas. Escrevo muito depois de passar muitas horas a ouvir música, ou quando vou ver um bom espectáculo, é minha droga, a minha adrenalina. Mas isso sou eu que sou parva.
As senhoras das agências gerem as ditas "aparições", conseguem converter uma pobre desgraçada do fim do mundo numa verdadeira Cinderela. Estou HORRORIZADA!!!!
Eu sempre achei, e cresci a acreditar nisto, que pessoas conhecidas eram as que tinham feito algo na vida para a mudar, algo que valesse a pena. Mas acho que o que hoje vale a pena está a léguas de distância do que eu acho. Esta histerioa que circula e abraça os pseudo-actores, que os idolatra como Super Stars e que converte qualquer modelito em actor confrange-me, deprime-me. Torna banal o que devia ser especial.
É certo que nos tempos em que vivemos há muita gente para quem o cinema, os livros, o tetaro são luxos inacessíveis. E o que resta?A TV, claro. Mas penso que essas pessoas também mereciam ver alguma qualidade, podeia ser leve e simples, mas que os ajudasse a pensar, a ir mais longe, a querer conhecer outros mundos. As pessoas também se educam e merecem ser educadas até nas possibilidades que a vida lhes dá. Para perceberem que há outras vidas, não tão luxuosas mas igualmente verdadeiras.
Mas, não. Como é que os miúdos não hão-de querer ser famosos, não se faz nada e até se tem carros, casa, roupa de graça. Digam lá, como é que eu explico às crianças que não, que não deve ser assim, que é preciso lutar e criar coisas para que a vida não seja tão artificial e vazia?Gostava de saber...

domingo, 3 de maio de 2009

Foto

O post intitulado A Maturidade é dedicado a uma Amiga e também ilustra a foto "Cognitive dissonance" publicada no blog underskin.comma.blogspot.com, por imperfeisssao não o mencionei!!!

sexta-feira, 1 de maio de 2009

A MATURIDADE

De repente lembramo-nos de saltar.
Acordamos e descobrimos que estávamos mortos.
Que nunca nos levantámos
Que os gestos eram automáticos
Que a vida era de plástico
Que o tínhamos como certo, seguro e confortável,
Devolveu-nos o incerto, deixou-nos vazios.
De repente queremos a mudança,
E ela, teimosa e torpe não vem.

Vemos o caminho novo
E achamos que o devemos seguir,
E saltamos.
Mas o salto nunca mais pára.
Tentamos acomodar-nos nesse salto imparável,
Mas é impossível.
Apetecia-nos parar mas ainda assim continuamos.
Doentiamente sedutor, este caminho torpe que nos leva à maturidade.
Tentamos travar mas já não vamos a tempo.
Porque dentro de nós verdadeiramente já não queremos, nem podemos.

Assim vamos.
Rotos, despidos de memórias,
Começamos outra vez.
E outra e outra.
Sabemos apenas que, em certos dias, nestes saltos loucos e quase profanos,
Não estamos sós. Há umas mãos que nos afagam, pequenas, quase invisíveis.
E muito por isso continuamos.
Essas mãos, e os dias em que a queda abranda porque fez sol,
São o mapa da maturidade

JP SIMÕES

Já gostava de Belle Chase, de Cindy Kat, mas JP Simões a solo, ainda não tinha tido tempo de apreciar, sou um bocadinho lenta no que diz respeito à música. Não a dispenso por nada deste mundo, mas por vezes ando um pouco distraída, digamos que estou para as novidades como os pais estão para os filhos, no patamar dos cotas. Demoro um bocadinho a chegar lá e confesso que já fui mais reaccionária, isto é, já tive menos paciência para apreciar a novidade. Já há algum tempo que lia aqui e ali textos sobre JP, entrevistas com o próprio e etc...Tinha alguma curiosidade a que finalmente cedi(Salva pelo YOU TUBE é óbvio). Fiquei apaixonada pela música, pela voz que vem de dentro. Se puderem oiçam "Se por acaso", dueto com Luanda Cozetti. Ainda mais, fiquei com vontade de ver ao vivo acho que é um excelente anfitrião, fala com as pessoas e dá mais um pouco de si além da música, o que é simpático para quem vê. Ainda estou no início da descoberta, mas acho que vai valer a pena...

quinta-feira, 30 de abril de 2009

A IMPERFEISSSAO

Este post é uma resposta a quem o visita e sente que o seu português não é perfeito, aqui vai a resposta:
nós, viciados na imperfeisssao queremos que a forma se dane!!!!!Queremos que este seja o espaço para dar vida às ideias ao sentido que elas transportam, a forma é absolutamente secundária aqui. Este é o reino dos imperfeitos, dos que acham que ainda têm muito a aprender com a vida e o mundo, dos que dão gargalhadas sem pensar que parece mal, e dos que choram e se emocionam quando assim tem que ser. Mas não queremos com isso dizer que os perfeitos não têm aqui lugar. Na imperfeisssao cabe tudo!Basta querer...

sábado, 25 de abril de 2009

AMESTERDÃO


Costumo dizer que, como não posso por agora viajar faço-o através das fotografias dos meus amigos. Esta é de Amesterdão, cidade que adorava conhecer. Cidade que tem colada a canção de Brel:
"Dans le port d'Amsterdam Y a des marins qui boivent
Et qui boivent et reboivent
Et qui reboivent encore
Ils boivent à la santé des putains d'Amsterdam
De Hambourg ou d'ailleurs
Enfin ils boivent aux dames qui leur donnent leur joli corps qui leur donnent leur vertu Pour une piéce en or (...)Et ils pissent comme je pleure sur les femmes infidéles Dans le port d'Amsterdam Dans le port d'Amsterdam."
Amesterdão lembra-me ainda "A Obra ao Negro" de Marguerite Yourcenar, que li quando tinha 17 anos e reli mais tarde. É diferente ler um livro aos 17 e outro aos 30. Naquela altura esse livro foi para mim uma revelação, intensa, verdadeira, difícil e irresistível. Senti ao lê-lo o que muito dificilmente voltei a sentir lendo o que li ultimamente. Não sei se por ser essa época da nossa vida em que sentimos tudo a dobrar, em que a vida é desesperadamente emergente e temos o coração e o espírito em constante busca de desafios. Mas naquela altura, aquele livro fez-me entender o que foi o século XVI, o desejo complexo de um homem em não ser apenas isso, o tumulto de uma época em que a verdade deixou de ser um paradigma e um dogma e assumiu um carácter mais volúvel à medida da humanidade de quem a questiona. Gosto de épocas em que se rasgam as folhas antigas dos livros decrépitos, em que se abandonam as mãos firmes do absoluto axioma e se caminha livremente. Admiro incondicionalmente quem tem a coragem para o fazer, quem ousou desafiar a estabilidade e o conforto dos fios seguros que nos ligam à vida. Gosto de pensar que isso é possível e que alguém foi bem sucedido ao concretizá-lo.
Senti-me um Zenão(personagem principal), senti que cresci ao ler as páginas deste livro, que ele fez de mim uma pessoa melhor e maior, ensinou-me mais sobre a vida e aquela época do que anos de aulas de história. E quando o reli voltei a imaginar como seria Amesterdão e sonhei que um dia qualquer poderia lá ir concretizando esta vontade irreal que nasceu com A Obra ao Negro. Se puderem leiam, é magnífico, difícil, não é de adoração imediata, dá luta, mas vale tudo isso.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

LIBERDADE

Como a polémica acerca da questão de que vou escrever a seguir já voltou ao adormecimento habitual de tudo o que é polémico, se fala muito e não se conclui nada, , já me sinto confortável a dar opinião sobre ela. Não gosto de escrever muito sobre assuntos que estão na moda, parece que tudo é um lugar comum. Também porque hoje é dia 25 de Abril, dia da Liberdade(Valor importantissímo para mim, palavra que só por si me preenche) e esta é para mim, acima de tudo uma questão de liberdade, cá vai, acho que é um texto um pouco longo, mas estamos no imperfeito certo?Ás vezes mostramos as nossas garras!
O casamento entre homossexuais.
Tento com um esforço quase estóico ser compreensiva e racional quando penso nos argumentos dos que se dizem frontalmente contra. Tento mas não consigo. Sempre que os leio, ouço ou discuto não há um que me convença. Ou melhor eu não quero ser convencida do contrário, porém poderia talvez entendê-los melhor, dar-lhes crédito, encolher os ombros e pensar”OK, eu não penso assim, mas o argumento é válido, e aceitável”. Não.
Confesso que os extremismos sempre me incomodaram. A histeria de quem brame os seus argumentos de uma forma demagógica, como se fosse a única e a mais valiosa é meio caminho andado para que eu já nem oiça, já não veja, já não sinta. Isto é, como diria uma Amiga minha “não estou nem aí!”. Tais pessoas dão-me náuseas, vómitos, deixo de as ouvir, não quero saber. Até posso concordar com o que dizem mas a forma como o dizem faz-me perder a vontade de as ouvir. Chamem-me intolerante e fóbica, não faz mal concordo em grau, género, número.
Voltando ao essencial, é com dificuldade que encaro esta nova polémica como tal, isto é compreendo que se fale dela, já que no nosso País a sua viabilidade é para já nula.
Mas não vejo qualquer eficácia prática na forma como tem sido discutida e também se estivesse na adolescência e a tentar ter opinião sobre tudo e qualquer coisa(eu era assim, se calhar hoje já
não…Não sei por enquanto ainda aguardo, as minhas crianças ainda não “adolescem”…) ficaria sem perceber muito bem qual a razoabilidade de uns e doutros argumentos. É bom que estas coisas se discutam, é bom porque a sociedade não é sempre igual, nem as pessoas se relacionam sempre da mesma maneira. A ser assim ainda estaríamos na Idade Média e Galileu não nos teria mostrado que ser teimoso e persistente, ainda quando o Mundo inteiro está contra nós e se acaba em chamas numa fogueira, vale a pena. Por isso seria agradável encontrar um consenso nesta matéria onde todos nos sentíssemos confortáveis. Impossível, já sei. Haverá sempre os que desditam de todas as mudanças em oposição aos que com elas se regozijam. De qualquer forma seria bom que com este assunto todos aprendêssemos qualquer coisa que é o que sempre se pretende quando ideias são debatidas, pelo menos num Mundo que se diz civilizado, seja lá o que isso for.
Digo desde já que não vou falar da Igreja porque me parece que não está em causa qualquer casamento católico, embora existam muitos homossexuais católicos, mas também, e ainda bem, também há muita gente que acredita em Deus e nem sempre concorda com a Igreja. Como diria um senhor Douto Professor, são realidades distintas.
Também não vou perder muito tempo a escrever sobre aqueles que defendem o casamento entre pessoas do mesmo sexo apenas como mais um slogan pós-moderno que confere um certo estilo a quem gosta de aparecer. Para esses isto é apenas mais um assunto para mostrar que se é “modernito” e que é cool defender as minorias, ou então dos que sempre foram do contra, a favor dos pobres e descamisados, por isso isto é só mais uma questão para dizer que não, não pode ser. Não lhes dou muito crédito já que eles próprios não o dão a si mesmos, já quase consigo não os ouvir, o que é bom porque são muito ruidosos. Estou para estes como Almada Negreiros”A minha paz é ignorar
Também tenho alguma dificuldade em visualizar A questão como se fosse algo amoral, como se eu mesma fosse um ser amoral. Talvez seja de mim, não sei, criatura por demais imperfeita, mas sem que me considere “imoral” ou “amoral”. Acho até, que a moral não tem nada a ver com isto. A verdade é que não consigo imaginar isto como uma questão moral, mas apenas como uma proibição legal. Eu acredito em Deus, muito. E ainda não duvido da minha fé porque sou daquelas palermas que não necessita de provas da sua existência para acreditar que ele existe. Pois eu sei que isso já não se usa e que se calhar devia era estar no convento a “estudar para freira”, mas é tal e qual há algum tempo, e não quero para já mudar. Dá-me um certo conforto este Deus. Ele não é castrador, discriminatório ou segregador, mas um Ser sublime porque tem sempre lugar nos seus braços para Todos mesmo os imperfeitos e os ditos “imorais”.
Não vejo porque duas pessoas do mesmo sexo não possam casar se assim o entenderem e desejarem. Se para elas essa união representar a comunhão de uma vida e a liberdade de amar e ser amado, um desejo de juntos caminharem e partilharem bons e maus momentos, de juntos concretizarem um projecto comum, respeitando o outro, as suas diferenças e amando-as como únicas, especiais e verdadeiras, sem que isso represente uma qualquer forma de opressão ou anulabilidade. Celebrar este desejo com quem nos quer bem é bom e, se calhar pode até ser uma recordação grata de um momento feliz. Estas também ajudam quando a vida é traiçoeira e nos desfaz. Pelo menos foi por estes motivos que um dia me casei. Na altura fazia todo o sentido. Hoje vejo o mundo de uma outra forma, acho que para se ter tudo isto o casamento não é uma condição, mas apenas um caminho paralelo, mais formal, quase “oficial” digamos, de se obter o mesmo. E confesso que de início, quando me predispus a pensar neste assunto, o meu lado mais prático levaram-me a pensar “mas por que raio é que estes querem agora casar, qual é o problema de se viver junto como um casal?”Porém entendo quem o queira fazer e quem o deseje. Sei que nestas decisões estão também implícitas muitas questões sucessórias, mas ainda assim, este argumento é demasiado pobre para o justificar. Há cada vez mais formas de protecção legal para quem vive em união de facto.
Por isso, para mim, o casamento entre homossexuais é, antes de mais, uma questão de liberdade, de se ser livre a fazer uma escolha. Se alguém optar por casar com um enorme burgesso(a) que o(a) espanca, humilha, trata mal, que de cada vez que esse alguém abre a boca o(a) manda calar e vocifera alarvemente, em tom de grande remate final, que essa pessoa é uma ignorante e só sabe falar de coisas insignificantes e sem valor. Porque a opinião desse alguém não tem qualquer valor e tudo o que ele(a) faz está mal feito e sobretudo, não pode, de forma alguma, dizer “eu não acho”, ou pensar de forma diferente porque é imediatamente fuzilado com um olhar e humilhações várias. E ainda assim decide toda a vida permanecer a seu lado, vivendo uma vida de plástico, hipócrita, (“vidinha de revista”), ninguém diz nada. Melhor, as pessoas ainda se acham no direito de empregar sempre aquela máxima, extraordinariamente machista e aberrante, “entre marido e mulher não se mete a colher”, ou então tiradas do tipo “coitado mas ele(a) até é muito trabalhador(a) e trata bem os filhos e paga as contas e não anda com outras(outros), o que é que ela(e) quer mais? E só atura porque quer!” Não é só porque quer mas porque a pessoa é livre de optar por viver assim, ainda que deixe de existir como essa pessoa, ainda que seja injusto e cruel para si mesmo e podendo lesar outros que pelo meio vão comungando deste modelo desacertado de vida em comum.. Porque se calhar quereriam apenas algo tão simples como respeito, consideração, reconhecimento, liberdade de pensar como lhe der na real gana e ser feliz como pessoa. Era só isso. Mas aqui não há nada de imoral pois não? È tudo normal.
Seria importante que as pessoas fossem mais flexíveis nos seus juízos morais acerca do que é diferente, que pensassem que a Pessoa Humana pode evoluir não apenas como ser mas como ser que se relaciona, e que, essas formas de relacionamento podem não ser estereotipadas nem estanques. Mas poderão acompanhar a progressão do homem na medida em que este quer e pode ser diferente. Mas não pode, é certo, porque se duas pessoas do mesmo sexo escolherem casar não têm aqui e agora liberdade de o fazer. E esta liberdade não interfere de forma alguma com quaisquer direitos dos outros, não lesa ninguém de facto. È uma escolha de quem quer viver a sua vida de uma outra forma. Não sei se melhor, se pior, sou heterossexual, mas entendo e aceito, como uma manifestação de liberdade quase suprema que haja quem o não seja e não queira ser. E essa liberdade não deve ser tolhida, esse direito que a pessoa tem de fazer escolhas, ainda que não sejam as padronizadas, e que impliquem mudanças por vezes dolorosas num Mundo intolerante e cruel para quem não segue os modelos aceites e impostos. Para mim é essa liberdade que está aqui em causa. Por isso tenho dificuldade em aceitar que o assim não entende. Na verdade para mim é apenas uma forma de limitar uma escolha a quem quer ser feliz. E isso é, a meu ver intolerante. Chamem-me o que quiserem, é o que penso.
Dizem-me que as coisas não são assim tão simples, que as pessoas não estão preparadas para estas mudanças, mas e a violência entre os casais é normal? Não há nada de imoral também aqui? As agressões em todas as suas formas são legítimas? Afinal, existem dois padrões para julgar a liberdade de escolha. Não deveria ser assim.
Deixo as belas e sábias palavras de Ricardo Reis que, muito melhor do que eu, disse tudo acerca disto
Para ser grande sê inteiro, nada teu exagera ou exclui, sê todo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo que fazes. Assim em cada lago a Lua toda brilha porque alta vive”

OS AMIGOS

Ás vezes pedir ajuda aos amigos não custa tanto como pensamos. Não faz de nós pessoas menores ou incapazes, é só isso, um pedido. Sabemos que eles estão aqui mas há alturas em que faz bem ter a certeza. E ter a certeza não se basta com a convicção, são necessárias provas. Não são provas muito audazes, basta uma gargalhada ou um ouvir dizer que fazemos falta e que eles estão aqui para nós. Basta. Com isso estamos prontos para partir muros. É bom, eu acho!
Nem sempre é fácil porque há aquela sensação de que estamos a incomodar ou a falar do mesmo, ou que mais uma vez não conseguimos mudar o que deveríamos ou o que a eles lhes parece tão fácil que lhes dá vontade de nos abanar e dizer "Sai p'rá rua, e deixa-te de conversas"! Mas depois descobrimos que nos estima não nos julga verdadeiramente. Aceita-nos e dá-nos a mão, e descobri que ter alguém a dar-nos a mão quando temos que saltar é mais fácil do que saltar sózinha. Somos nós que temos que o fazer, é certo, mas sabemos que está ali alguém e aconfiança renasce. Por isso aos amigos!

segunda-feira, 20 de abril de 2009

ESTAR CONTENTE

Hoje estou contente com uma coisa simples e singela que para muitos seria banal mas para mim, saber que o que escrevo foi importante para alguém, é como se os dias fossem sempre quentes e o céu azul. Obrigada Escola da Noite, do fundo do coração obrigada.

domingo, 19 de abril de 2009

KAFKA - ATRAVESSANDO AS PALAVRAS HÁ RESTOS DE LUZ- TEATRO

Fui ver e é desvairadamente Kafkiano.
Antes disso devo dizer que esta minha ida ao teatro é mais uma volta, porque tinha há muito abandonado as idas regulares e frequentes, para me deslumbrar com a escola da noite. E deslumbrei-me. Parecia que estava a respirar um novo ar, que repentinamente se tinha aberto uma janela sobre o mundo. Uma janela nova que estava para mim fechada a cadeado, perra, enferrujada, velha e gasta. Sabia que se fosse ao teatro iria seguramente entrar numa nova dimensão, que isso iria ser como sacudir um velho lençol que estava empoeirado numa arca. A arca contém o que sei que devo fazer para libertar as palavras, aliás, contém as palavras, e olho para ela todos os dias, tiro tudo o que lá está e penso. O que posso fazer com isto e com aquilo, no fim volto a guardar tudo muito bem arrumadinho e fecho-a, adio para outro dia o desempoeirar dos sonhos, não, ainda não sou capaz. Hoje não.
Mas desta vez peguei sem pensar numa das mantas azuis e sacudi-a. Por acaso calhou-me o teatro, mas foi puramente por acaso, podia calhar uma ida a Lisboa, ou ao Porto ou ao fim do Mundo, mas foi o teatro.
E logo KAFKA. Labiríntico, doentiamente obscuro, pragmaticamente certo.
Já não me lembrava bem, do som das vozes que imita os ruídos de forma tão perfeita, da coragem e talento de quem declama um texto junto ao público com o à vontade de quem diz "bom dia". Durante o tempo em que estive ali sentada esvaziei a cabeça e entrei no mundo que me era proposto, o de Kafka. È sempre gratificante ver como alguém pega num texto e o transforma em teatro, como o desmonta mantendo a sua perfeição original mas travestindo-o com a sua pessoalidade. A atmosfera estava tão perfeita que parecia que estávamos dentro dos livros onde a tragédia e o riso se aproximam.
Gostei particularmente do desespero do cavaleiro que anseia por carvão, daquele desejo mortal, do misto de quem quer psicóticamente uma coisa banal que sem querer se transforma noutra de máxima importância, quase vital e inexorável, como se se não a obtivesse a seguir fosse morrer.
Gostei também do inevitável vazio do homem que, preso no espinheiro, aguardava pelo salvamento de quem não vem. Fez-me lembrar a vida, por vezes parva, ridícula e solitária. Gostei ainda dos diálogos com máscaras, cruéis, quase ensanguentados com tanta ira. Foi bom, foi como renascer, foi inspirador. Vão ver.
A companhia ajudou, quando se vê estas coisas com amigos que valem a pena e que a vida nos fez reencontrar parece que somos capazes de tudo.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

YOU TUBE

Adoro o YOU TUBE! Se calhar por razões idênticas às da mairoria das pessoas que amam música, eu amo. Não consigo imaginar a minha vida sem música. Se fosse só eu, a primeira coisa que faria quando acordasse, seria ligar o rádio ou colocar um cd. Acordo sempre bem, tenho esta "coisa estranha"de acordar bem disposta. Só quando estou doente é que detesto levantar-me, quando estou doente, fico quase insuportável, porque odeio, sinto-me limitada, abomino ter dores, de garganta, de ouvidos, de barriga, de dentes. ODEIO!E também fico um pouco queixinhas, ou melhor, faço queixas a mim mesma, porque tenho algum cuidado em não massacarar os outros e, porque também não há muita a gente a ouvir-me.
Mas, como acordo bem disposta apetecia-me imediatamente ouvir música. Só que para já não posso. E como contra o que não se pode, nada se pode fazer, aproveito o que tenho. E o que tenho é o YOU TUBE e é magnífico. Poder ouvir aquela música que já não ouvimos há anos e que está lá sempre na nossa memória, porque a tínhamos numas cassetes ranhosas já impossíveis de ouvir, ou porque já não encontramos o cd, ou porque tínhamos em vinil e já não temos gira discos, é mágico!
Com o You tube ouvimos quando queremos a música que queremos e se todos forem como eu, provavelmente não e ainda bem, podemos ouvir vezes sem conta o mesmo, de manhã, à tarde, à noite, conhecer de cor a letra, saber quando se repete o refrão, fingir que estamos a cantar com a escova a servir de microfone, porque tudo bem estamos sózinhos e ninguém vê!AAAAAAMMMMMOOOOO! A música preenche-me a alma, os vazios decadentes da vida e deixa-me ainda mais bem disposta! Ando constantemente á procura de algo novo, que me inspire e me faça pensar, mas nunca deixo as velhas, volto sempre lá.
Vou escrever mais sobre isto mais tarde.
Quero ir ao you tube pensar que os Joy Division estão de volta e ouvir milhões de vezes a voz trágica de Ian Curtis em Love Will Tear Us Apart(pode ser um lugar comum mas não me importo, gosto de o frequentar!!!)

terça-feira, 14 de abril de 2009

MORIARTY

Ouço Moriarty quando chove.
Para me esquecer da chuva que detesto.
Para me lembrar que amanhã poderá haver Sol.
Cottonflower é uma das minhas preferidas.
Não percam.

domingo, 12 de abril de 2009







Egg Chair, a minha cadeira favorita. Imagino-me sentada nela a escrever, a rodar, sentada e escondida. Se um dia a minha vida mudar vou comprar esta cadeira!



"Just do it"


Apetecia-me passar uma manhã a ler jornais na esplanada da livraria da esquina, e sentir o cheiro a café forte a inundar-me as narinas.
Queria escrever toda a noite e levantar-me ao fim do dia.
Apetecia-me ir jantar fora a um sítio longe, muito longe daqui. E a seguir ir ouvir música junto ao mar. Cantar e dançar como se não houvesse amanhã.
Tenho saudades de ouvir as pessoas passar, de sentir o vento na cara, de ouvir canções alto enquanto procuro um livro, de aspirar esse ruído e de o trautear, e de o meu coração bater com força a imaginar-me a dançar.
Queria comer um pacote de caramelos de fruta numa noite, no meio do riso abafado dos amigos. Daqueles amigos com quem contamos histórias de há muito tempo, histórias há muito guardadas dentro de nós.
Apetecia-me ir ao cinema ver filmes antigos que a seguir me fazem escrever.
Queria viajar pelo Mundo e conhecer de cor cada canto de cada cidade.
Apetecia-me ser um "Jedi" e ter o poder de cortar as cordas de uma indecisão estúpida que me deixa aqui.
Queria que esta torrente de ideias se tornasse verdadeira, que elas fossem quase axiomas e se materializassem em vida, em qualquer coisa criada por mim.
Apetecia-me olhar e não sentir pena, mas orgulho, do bom, do puro, do verdadeiro.
NOTA: Como o seu a seu dono, esta foto não é minha, apenas fiz o texto -para ver mais consultar underskincomma.blogspot.com

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Perfeito Vazio Música de Xutos e Pontapés

Encheu-me de lágrimas esta música e há tanto tempo que uma música não vinha assim direita a mim e me enchia de lágrimas.
Não tenho a respeito da música o sentimento de que ela serve apenas para nos alegrar. Quando me comovo com uma música isso não representa para mim nada de mau. Normalmente significa que o conjunto música/letra adquire uma perfeição tal que invade o meu mundo, pega em mim e trasporta-me para outro lado.
É difícil fazer grandes músicas com palavras simples. Simples sem que sejam em si banais. Simples porque nos atordoam de tão verdadeiras. Porque reproduzem a nossa vida, os nossos dias.
De repente ouvimos a música e sentimo-nos dentro dela, ela cola-se a nós e fica lá a fzer parte do que somos e a pairar de ânimo cheio. Apetece-nos rasgar as maldades do Mundo e recomeçar.
Perfeito Vazio descreve de uma forma quase genial o que todos sentimos num dado momento da vida. Todos já lá estivemos, todos já lá morámos, todos tivemos um dia vontade de lá ficar "imóveis". A melodia ajuda. Sabemos que ela é dos Xutos e poderíamos só por isso adorá-la. Mas desta vez, como em muitas outras, eles troxeram-nos algo mais. É nova e simultaneamente velha, é simples e complexa, é dos Xutos e é nossa. As palavras e a música cruzam-se aqui de uma forma avassaladora que me despertou e relembrou uma vez mais por que gosto deles há tanto tempo. Por que andam comigo desde sempre na minha vida. Acho que qualquer pessoa que goste deles pensa assim. Continuam a ter a capacidade única de passados tantos anos nos surpreender. Isto é muito difícil, é um pormenor raro, sublime e transcendente que muito poucos possuem.
Escrevo isto para que os Xutos percebam o que conseguem dar aos que deles gostam e para que não deixem nos oferecer nas suas músicas aquela alegria breve que inunda as nossas manhãs de luz. Trouxe-me tanta paz essa alegria, tanta vontade de viver e de me reinventar. Tanto desejo de mudança, de criar, de ser eu. Foi a ouvir a música deles que voltei a mim, foi a vê-los ao vivo que voltei a escrever.
Quando ouço o Perfeito Vazio caem-me as lágrimas porque me comovo e em tempos tão frios haver alguém capaz de nos "tocar" tão fundo é quase um milagre...

domingo, 5 de abril de 2009

Este devia ter sido o primeiro texto deste blogue. Porém, por defeito quem aqui escreve é imperfeito, e assim aqui vai.
Quando descobri o "admirável mundo novo" do " eu tenho opinião" descobri isso mesmo, muita opinião! Isto é parvo. Qualquer pessoa achará isto banal e concluirá, após estas linhas, "esta é louca", claro que qualquer palerma tem opinião, aliás, tem muitas opiniões, sobre o que quer que seja. É verdade, é um lugar comum é quase um axioma. Mas não para mim, criatura por demais imperfeita, que tem vivido, quase sempre, a achar que não. E demorou. Foram precisas horas, anos, segundos, quedas e pedras. Não foi uma evidência que se me apresentou, não, foi acontecendo. De início era apenas uma sensação ligeiramente inconfortável, mais uma inquietude anormal, escondida. Era como se o cérebro estivesse a "meio gas". Depois, num momento qualquer, no meio de nada, dei por mim a pensar"sim, concordo, não, nem por isso, talvez deste ou daquele modo fosse mais razoável". Não percebi logo, parecia que alguém estava a enviar-me recados em código morse, ou sinais de fumo, parecia que alguém me sussurava ao ouvido e eu teimosa, voltava a fechar a porta, aquela porta que eu não sabia onde ía dar. E, como todos sabem, o desconhecido é chato porque não sabemos como o desancar.
Eu sabia que havia qualquer coisa diferente mas preferia não pensar sobre o que pensava.
Não é muito fácil explicar isto, mas como foi uma coisa muito boa que me aconteceu talvez tenha acontecido a mais pessoas e pelo menos essas pessoas talvez o entendam.
Na verdade, até há pouco tempo tive muito poucas opiniões mesmo minhas. O que eu pensava era um conjunto de ideias de outras pessoas. Porém, eu ainda sabia, algumas vezes, dar a entender que não, que estas ideias, com as quais não me sentia muitas vezes sequer confortável, eram mesmo minhas. Mas não eram, não era eu. Não que não falasse, mas podemos sempre falar muito e dizer pouco sobre o que verdadeiramente pensamos, sobre o que é nosso acerca do mundo. Tinha medo do que era meu, do que os outros poderiam pensar do que era meu. E guardei tudo até agora a sete chaves só para mim.
Passei muito tempo a pedir desculpa, não apenas por existir como tal, criatura por demais imperfeita, mas também por não perceber o que a vida queria de mim. Ninguém entendia esses lamentos como tal, mas como uma boa desculpa para me aperfeiçoarem e indicarem caminhos. Caminhos que hoje já consigo questionar, caminhos que podem ser sensatos, correctos, ponderados, excelentes para todas as pessoas do mundo, mas desastrosos para mim. Mas na altura essas eram as soberanas verdades em que eu, cúmulo da insegurança, nunca tinha pensado nem visto! E durante uns dias isto apaziguava-me comigo e com todos. Tudo o resto era para mim uma tortura e as ideias quando levemente apareciam vinham aos tombos, batiam em tudo, desastradas e cegas. Na verdade, tudo era tão automático, que já não sabia pensar ou viver doutra maneira.
Hoje sei que é preciso pegar nas coisas(todas as coisas do mundo) e fazê-las nossas. E, agora, quando emito um som sobre qualquer coisa, as pessoas abrem muito os olhos, olham fixamente para mim e ouvem-me atentamente. Pasme-se, acho que só agora me viram, tipo, "olha esta está aqui e fala!"
Hoje descobri que é sempre arriscado emitir uma opinião sobre qualquer coisa, ainda não o faço sempre que quero ou da maneira que quero, mas já o faço e isso para já chega. E sei também que esse risco que corremos de alguém nos "desapreciar"(aqui podemos inventar palavras é o mundo da imperfeição!!!) é muito infeirior à vantagem de haver uma pessoa que goste de nós e se identifique connosco, basta uma, para destruir todas as agruras de termos conhecido as outras. Esta vantagem é tão saborosamente boa que supera milhões de vezes o afastamento de quem não gosta de nós. E isto não é conversa fiada é uma conclusão lógica de quem teve alguma coragem e mudou muitas coisas na vida. E olhem que não é nada fácil!

sábado, 4 de abril de 2009

E depois aquele frio gelado,
fino,
entrou dentro de mim.
Vi tudo como névoa.
Aquele frio cinzento e cruel.
Prendia-me àquele lugar.
Aquele frio, entrou dentro
de mim
e instalou-se como quis.
Parei sempre em todo o lado
com esse frio a gelar-me a voz,
os ossos.
Passei a olhar para a vida, deixei de fazer parte dela,
por causa daquele frio.
Ontem de manhã saí de casa e apetecia-me partir loiça. Apetecia-me que chovesse torrencialmente e que o vento desancasse as árvores com tanta fúria. Apetecia-me bater nas paredes e dar murros nas portas. Apodrecia por dentro e queria mesmo era apagar do cérebro esta melancolia lúgubre, e não sentir nada. Queria ir para um lado onde fosse possível fazer a vida andar para a frente sem ter que fazer o que quer que seja. Apenas andar, como se faz no dvd. Num espaço onde tomar decisões e fazer escolhas fosse apenas uma coisa que nos acontecesse. Sem termos que perder ou ganhar. Sem termos que apanhar pedras pelo caminho ou lamentar o tempo, a demora, o momento.
Apetecia-me, não era mudar de vida, mas gritar comigo e com a minha mesma vida. Acordar-me deste torpor e ver-me de fora a andar. Mas não, só esta angústia triste e tudo preto.
Cheguei à loja onde muitas vezes vou comprar um jornal. O dono é um senhor simpático que à hora do almoço deixa a mercadoria à porta, que vai a casa e deixa a loja aberta, anda sempre bem disposto e tem logo em cima do balcão aquilo que eu quero mal espreito à porta e digo bom dia.
neste dia havia mais pessoas que lamentavam a vida, de uma forma diferente da minha, mas que no fundo ía dar ao mesmo sítio. Intranquilo e quase demoníaco. Aquele lugar para onde vamos sempre que lamentamos a vida.
Quando já me vinha embora, depois de ter tentado que as palavras amáveis fustigassem de chuva boa a minha angústia parva, diz o dono da tabacaria, "sabe, minha senhora, é preciso ter calma e paciência que assim a vida vai".
Eu, fiquei muda, "a vida vai"...Estas palavras simples colaram-se a mim durante umas horas e depois, entre um mal e outro, pensava nelas, adormeci nelas por alguns minutos e achei que elas continham nas suas letras toda a sabedoria do Mundo.

segunda-feira, 30 de março de 2009

O início

Para todos os que leêm este blog pela primeira vez, o seu nome não é um erro ortográfico, mas apenas reflecte a sua imperfeição, tem três esses como poderia ter quatro é em si imperfeito tal com quem aqui escreve. Sobre o quê? Veremos...