terça-feira, 6 de setembro de 2011

PARA QUEM GOSTA DE VOLTAR


Há quem goste de voltar, talvez porque voltar tem em si uma redenção apaziguadora que nos devolve à vida o tempo da ausência. Voltar ao que é seguro e ao concreto dá-nos uma espécie de conforto, ali sabemos que podemos encostar a cabeça, ali sabemos de cor todos os caminhos e tudo parece fácil. Voltar é a rede e o cheiro a casa, o sofá da sala e o riso dos amigos e tudo o que nos é familiar.

Eu não entendia, porque para mim voltar é secundário, eu gosto é de partir. Do frenezim do que é novo, do que não se sabe bem como é, da surpresa, do turbilhão de ideias que nascem da novidade, do sentir que pode ser porque vale a pena, porque tudo se conjuga e faz sentido. Partir é o que me move e me preenche. Detesto ficar muito tempo a fazer a mesma coisa, muito tempo no mesmo sítio, muitas horas a repetir rotinas e dias iguais. Por isso gosto do Verão, os dias são infinitamente maiores, e o tempo ganha uma elasticidade anormal, perfeita para partir e ganhar um novo espaço. Fiquei assim depois de muito tempo à espera, tempo demais.

Descobri isto a pensar em quem gosta de voltar e, paradoxo confesso é certo, em mim que gosto de partir