Tenho por Vicent Lindon uma admiração quase adolescente, embora, ao contrário de muitas outras que felizmente abandonei, esta manteve-se intacta até hoje. Há uns anos gostava do seu ar rebelde e glamorosamente lazy, hoje gosto da imperfeição do seu rosto e do ar melancólico com que diz as palavras. Fui ver o filme "Pater" a pensar nele, por ele, e pela minha companhia que me "raptou" dos dias iguais. Entre tanta monotonia, o diferente é sempre uma aposta ganha. E assim aconteceu. "Pater" de Alain Cavalier é isso mesmo e também uma imensa conversa política entre muitos planos gastronómicos, porque entre pratos se chegam a grandes conclusões. O resto está lá tudo, manipulação, insinuações, intriga. Mas também as bem intencionadas ideias que raramente se concretizam por falta de votos e a seriedade quase pueril dos homens bons. Do outro lado, uma porta sempre aberta a ilimitadas conotações, porque nada é dito de forma explícita, tudo se insinua e sussurra, tudo é torto, imperfeito e enviesado, sem que lá falte nada. Cavalier é esta imagem de homem inteligentemente sedutor a quem dificilmente diríamos que não, mesmo tendo por certo o arrependimento e a vã glória
segunda-feira, 12 de dezembro de 2011
quinta-feira, 1 de dezembro de 2011
A propósito de um lanche ao fim do dia....(Texto antigo/Foto de Underskin)
Não quero o faz de conta, quero o que acontece,
espontaneamente e devagar, mesmo que os outros não vejam,
não sintam mas quero sentir.
Não quero que pareça, quero que seja.
Quero chegar e ver, não a visão do esforço do que se tenta ser, mas as janelas abertas
e o vento a entrar.
Os outros são o pó da estrada de que não me lembro.
O tempo já não é o mesmo, e já não consigo esperar, já não chega, já não satisfaz.
Abandonei para sempre a resignação e hoje só quero saber do sítio onde posso sempre
recomeçar.
Do que vale a pena, do que me afaga, do que me preenche e do que fica comigo,
o resto.... é como alguém me disse um dia,
não vale a pena viver tentando ser o que não somos.
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