sábado, 20 de junho de 2009

JOSÉ LUIS PEIXOTO



Leio sem descanso José Luís Peixoto. Leio e não consigo parar. O que, aliás me tem acontecido com todos os seus livros.
Comecei ao contrário, como começo muitas vezes, muitas coisas, na vida(gosto de ir ler o fim dos livros, mesmo que não perceba nada porque ainda não li o princípio, gosto de ler as dedicatórias das músicas antes de as ouvir, enfim criatura por demais imperfeita no seu reino). Assim, a minha estreia deu-se com o “Cemitério de Pianos”. Não por razão nenhuma profunda. Ouvira aqui e ali coisas sobre JLP. Lera umas entrevistas, etc…E, confesso aqui, gostei imenso do título, esta é a mais pura e verdadeira verdade. Achei que alguém que escolhe este título para um livro merece ser lido. Bem sei que as duas nem sempre andam aliadas, mas neste caso aconteceu.
Por isso foi um começar de alma aberta, sem recomendações, ou ideias feitas vindas de criticas literárias (que raramente leio porque a linguagem é tão hermética, tudo é tão profundo e perfeito que fico sempre sem saber se o livro vale ou não a pena…e o que escrevo não pretende ser qualquer crítica).
Comecei assim e depois já não parei mais, “Nenhum Olhar”, “Cal” e agora, “Uma Casa na Escuridão”. Ainda não li toda a sua obra, mas vou ler.
JLP chegou até mim numa altura em que quase não lia nada de novo, além de trabalho e jornais. Estava desencantada com os livros e com quem escreve. E já li muito, muitas coisas, umas melhores, outras piores. Mas agora só leio o que verdadeiramente me atrai, aquilo que acho que me encanta, e já não me importo de iniciar um livro e não o acabar. Se ele não me apaixona, abandono-o, sem dó nem piedade. A vida é muito curta e o tempo precioso para se perder com textos que me enfadam. E, assim, acordei para uma revelação, tal e qual. Descobrir JLP foi como abrir uma cortina e deixar entrar a luz. A sua escrita é de uma emoção incontida de uma verdade autêntica que fico parada depois de ler uma página e outra, pasmada a reler e a pensar que as suas palavras, as suas ideias, por vezes surreais, mostram de uma forma completa o que é a vida e o que podemos sentir em dado momento sem que jamais o consigamos verbalizar desta forma.
Gostei muito de “Cemitério de Pianos”, mas deslumbrei-me mesmo com “Nenhum Olhar”. Como é possível alguém escrever com tamanha verdade? Como é possível uma imaginação tão grande, inovadora. Acabo de ler um livro dele e apetece-me voltar ao início, e isto só me sucedeu com muito poucos autores. Acontece-me ainda com o meu autor Maior, aquele que faz parte de mim e que muitos odeiam mas por quem eu tenho uma admiração quase imortal, Vergílio Ferreira. Era este o meu padrão máximo quando comecei a ler JLP. E ele criou a mesma alegria, o mesmo desejo parvo de escrever acerca das coisas palavras por si escritas, de as repetir e revelar, não como se fossem minhas como é óbvio, mas uma vontade enorme de o citar a propósito de nada.
Não gosto muito de analisar até à exaustão as obras que leio, aborrece-me estar a adivinhar o que alguém sentiu quando escreveu, só escrevo sobre o que a escrita provoca em mim, correndo o risco de o seu autor pensar que não imaginou que tal fosse possível. Ele é quase o meu autor Maior, ainda não é porque no que à sua escrita diz respeito ainda estou a caminho mas não vou parar e voltarei a ele aqui mais à frente.
NOTA:mais uma foto lindíssima de "underskin"

1 comentário:

  1. Adorei. Também gosto imenso daquilo que li dele que, confesso, foi muito pouco - Cal. Fiquei com viontade de ler mais. E Philipp Roth? Já leste? Também ele me faz lembrar o VF, pela tristeza, pela amargura, mas essencialmente pela partilha dos sentimentos!!!

    beijos e fica bem
    rita

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