domingo, 24 de maio de 2009

A Noite a partir de Al Berto



“A Noite, a partir de Al Berto”

Quero escrever mas não tenho palavras….acho-as pobres, toscas, infinitamente pequenas para descrever tanta beleza tanta magia e encanto.
Ouvi, vi, amei. Fiquei parada, pasmada a pensar, apetecia-me prender aquelas palavras para sempre a mim e não conseguia porque a seguir vinham outras e outras e outras e em catadupa enchiam-me a alma. Quis guardá-las em mim para as relembrar agora mas elas foram de uma violência poética tão sublime que não consigo reproduzir.
Já conhecia a obra de Al Berto, li e reli poemas seus, fazem parte de mim. Mas entregarem-mos assim desta forma foi como a primeira vez. Estava lá tudo, porém era uma prenda antiga com um embrulho novo.
Duas pessoas em palco a declamar a vida e os momentos por que muitas vezes passamos, mas que a existência pobre sem destino nem poder escondeu, ocultou, fechou. Incapazes apenas de verbalizar com semelhante dor, agonia e desespero, a enormidade do pensamento. Impotentes até para alcançar assim esse pensamento.
Duas pessoas apenas, que cheias, tão cheias de tudo nos devolveram as palavras vestidas de verdade, não aquela que vemos, a que existe para lá disso em que pensamos, a que escondemos com medo do ridículo. A que evitamos com pavor do que é novo e velho. As palavras abertas na nossa memória a ecoarem o tempo, a paixão violenta que nos abana como um vendaval imenso sem eira nem beira.
Duas pessoas declamaram poesia pura como quem conta uma história, como quem diz um segredo, sem que com isso banalizassem ou destruíssem o seu sentido. Deram-lhes ainda mais vida, corpórea e visível.
Fiquei rendida e mais uma vez disse para mim mesma, que o tempo em que estou sentada nestas cadeiras compensa todas as horas medíocres onde tenho que andar…
Nota:Mais uma foto de underskincomma.blogspot.com!!!

OS MORTOS VIVOS E AS CRIANÇAS


Diz a criança a sua mãe nos dias sempre iguais:
- Mamã, os mortos vivos existem?
A mãe pára, será que ouviu bem, quê, mas que raio de desenho animado ela viu para fazer esta pergunta?Tenho de estar mais atenta, não tenho visto com cuidado o que ela vê, e agora e agora e agora? pensa, pensa, pensa, pensa..... Como a resposta não vinha, a criança insiste:
- Sim, mamã, sabes, os mortos vivos!
Responde a mãe, com aquelas respostas à mãe que nunca contentam os filhos mas que nós insistimos em dar:
- Sim, aliás, não, claro que não, isso são imagens dos desenhos animados, isso é fantasia, percebes, como os desenhos que se fazem, a seguir podemos rasgar tudo, com essas imagens é a mesma coisa OK?São apenas imaginárias - Ufa, pensa a mãe, acho que me safei, mas onde é que ela foi buscar isto?????
Mas ela volta porque já não se contenta com as respostas breves de sua mãe, não, agora já argumenta e pensa e debate...
- Ai isso é que existem, eu conheço pelo menos um...
- Mau mau mau...mas afinal que morto vivo é que tu conheces que eu nunca vi?????
E a resposta surge prontamente com a segurança e a certeza das suas convicções:
-Jesus. Jesus morreu e depois nasceu outra vez, logo é um morto vivo estás a ver!
- Ain, em, dã.....sim, pois...pois...dessa perspectiva...., talvez...ã....bem, mas Jesus depois foi para o céu para junto de Deus - diz a mãe apenas para dizer alguma coisa, mortinha que a conversa acabasse porque como vai explicar à criança, que, bem os mortos vivos não são bem assim, ou melhor afinal o que é um morto vivo? Nem ela sabe bem, é uma daquelas coisas em que nunca se pensa, mas não, ela pensa, ela associa...
- Não não mamã, não estás a perceber Jesus é um morto vivo, tu é que não estás a perceber está bem?Acredita, é.
Salva pela bomba de gasolina.....A mãe por fim desiste, que se lixe se ela quer achar que Jesus é um morto vivo que pense, afinal ela pensa e isso não é o mais importante?

segunda-feira, 18 de maio de 2009

A VIDA - Trying to escape II

"Trying to escape II"

Tenho uma vida clandestina onde só moro de vez em quando.
É uma vida por preencher para onde quero ir, mas onde só vou breves instantes.
Salto para ela, imagino-me nela e logo a seguir saio. Como se houvesse uma porta vai e vem, como se nela não pudesse ficar mais do que uns segundos, como a cinderela quando é meia noite. Deixo lá alguns sapatos de cristal, mas volto sempre à farrapice dos meus dias.
É uma vida censurada e mascarada com outra.
Entro nela sem que ninguém saiba, muitas vezes durante os dias. Imagino como será sendo essa vida a única.Imagino apenas.
Tenho as mãos presas com algemas invisíveis feitas de pensamentos e da comodidade do tempo. Incómodo sempre, mas preso preso preso a mim.
Imagino apenas, porque a outra, Poderosa, Cheia, está sempre a prender-me a ela, e atrasar-me o passo.
Mas hoje não, hoje é dia, e hoje vou rebentar a bolha à minha volta como se amanhã fosse morrer. Saltar para a vida, fechar os olhos e seguir...
NOTA: texto para a foto magnífica do underskin.comma.blogspot.com

terça-feira, 12 de maio de 2009

VIPS E AFINS

Há dias, alguns dias, li um artigo sobre a fama, ou os famosos como lhes queiram chamar. Confesso que fiquei nauseada, o termo não é bonito mas condiz na perfeição com o que senti.
Uma pessoa dita famosa auto - intitulou-se "opinion maker", mas opinion de quê? Se calhar sou eu que não dou muita atenção a estas coisas, pode ser. Mas, das poucas e breves vezes que ouvi essa pessoa, não fiquei grandemente impressionada acerca do conteúdo das suas opiniões, nem achei, confesso, que elas fossem úteis à vida de quem quer que seja. Conhecem o estilo:quem traiu quem, quem por que razões suspeitas decidiu sair à noite com um amigo(a) e não sair com quem devia, na opinião dessa pessoa, e por aí fora. Visionária esta pessoa, esquece-se que não obstante, as pessoas serem conhecidas, são pessoas, e que, por acaso, têm uma vida. Por isso se casam, cansam, saem, traem, são traídos, amam, comem e dormem. Não vejo qualquer razão obscura nisso e muito menos motivo de qualquer análise profunda, além do comentário informativo que a seguir se deita fora, tipo X já não gosta de Z, ou A vive com B. Ah sim?OK, lixo.
Mas não, pelos vistos há pessoas que não só acham esta informação importante como lhe dissecam razões transcendentes. Sei e compreendo que quem tem notoriedade pública tem algumas responsabilidades, e que muitas vezes são os próprios que a tudo isto se expõem, mas acho abominável ver a vida e as opções das pessoas expostas e comentadas como as Grandes Opções do Plano. Como se isso importasse algo de útil e proveitoso para a existência do comum dos mortais.
No mesmo artigo uma outra pessoa fazia sujeitar a revelaçoes escabrosas a publicação de um artigo acerca de determinada vedeta. Fiquei em estado de CHOQUUUUUE!Volto atrás, não posso ter lido isto, estarei noutra dimensão, noutro planeta?Como? Estarei, sim estou. Mas será possível que se atingiram tais proporções na publicação de artigos acerca das pessoas? Parece que sim. Estou ao contrário na vida, só posso!
A partir do momento em que contar pormenores íntimos passou a ser pré-requisito para se ser conhecido...só posso. Dir-me-ão, que isso já há muito tempo...Pois, eu imagino que sim. Mas digo-vos vê-lo dito, escrito, afirmado, publicado com toda a naturalidade, como se fosse banal deixou-me transida, pasmada, a pensar que a vida passou a ser de plástico. Isto afectou-me, confesso.
Eu já sabia que havia pessoas que lucravam com a sua imagem e não o condeno, sejamos práticos, um contrato publicitário rima com milionário. E o dinheiro faz falta, ajuda sobretudo a marimbarmo-nos para os outros e a fazer o que nos dá na gana, que é basicamente o que gostamos sem ter que pensar no trabalho rotineiro, chato. Certo. E, aliás, se o produto que se publicita for bom, pelo menos podemos tirar daí alguma satisfação. Até aqui eu entendo e até acho simpático que a imagem sirva algumas causas nobres, ainda que pagas.
Eu também já sabia que havia pessoas que eram pagas para aparecer em festas. Não percebo bem é esta lógica. Não me consigo imaginar com a vida condicionada a ir aqui ou ali como forma de sobreviver. Mas ir a festas fazer o quê?Tirar fotos?Aturar horas infinitas de gente melga, autocolantes sem fim agarrados à sola do sapato?Não, não percebo. Para mim essas coisas deveriam servir para dar a conhecer algo de bom, um livro, um espectáculo, uma peça de teatro, um filme, um quadro, uma descoberta científica, etc. Não estou a armar-me em pseudo intelectual, mas pelo menos nestes casos alguém mostra ao mundo uma coisa boa que criou e que até o pode tornar melhor.Que pode inspirar outros a criar imagens, palavras, músicas. Escrevo muito depois de passar muitas horas a ouvir música, ou quando vou ver um bom espectáculo, é minha droga, a minha adrenalina. Mas isso sou eu que sou parva.
As senhoras das agências gerem as ditas "aparições", conseguem converter uma pobre desgraçada do fim do mundo numa verdadeira Cinderela. Estou HORRORIZADA!!!!
Eu sempre achei, e cresci a acreditar nisto, que pessoas conhecidas eram as que tinham feito algo na vida para a mudar, algo que valesse a pena. Mas acho que o que hoje vale a pena está a léguas de distância do que eu acho. Esta histerioa que circula e abraça os pseudo-actores, que os idolatra como Super Stars e que converte qualquer modelito em actor confrange-me, deprime-me. Torna banal o que devia ser especial.
É certo que nos tempos em que vivemos há muita gente para quem o cinema, os livros, o tetaro são luxos inacessíveis. E o que resta?A TV, claro. Mas penso que essas pessoas também mereciam ver alguma qualidade, podeia ser leve e simples, mas que os ajudasse a pensar, a ir mais longe, a querer conhecer outros mundos. As pessoas também se educam e merecem ser educadas até nas possibilidades que a vida lhes dá. Para perceberem que há outras vidas, não tão luxuosas mas igualmente verdadeiras.
Mas, não. Como é que os miúdos não hão-de querer ser famosos, não se faz nada e até se tem carros, casa, roupa de graça. Digam lá, como é que eu explico às crianças que não, que não deve ser assim, que é preciso lutar e criar coisas para que a vida não seja tão artificial e vazia?Gostava de saber...

domingo, 3 de maio de 2009

Foto

O post intitulado A Maturidade é dedicado a uma Amiga e também ilustra a foto "Cognitive dissonance" publicada no blog underskin.comma.blogspot.com, por imperfeisssao não o mencionei!!!

sexta-feira, 1 de maio de 2009

A MATURIDADE

De repente lembramo-nos de saltar.
Acordamos e descobrimos que estávamos mortos.
Que nunca nos levantámos
Que os gestos eram automáticos
Que a vida era de plástico
Que o tínhamos como certo, seguro e confortável,
Devolveu-nos o incerto, deixou-nos vazios.
De repente queremos a mudança,
E ela, teimosa e torpe não vem.

Vemos o caminho novo
E achamos que o devemos seguir,
E saltamos.
Mas o salto nunca mais pára.
Tentamos acomodar-nos nesse salto imparável,
Mas é impossível.
Apetecia-nos parar mas ainda assim continuamos.
Doentiamente sedutor, este caminho torpe que nos leva à maturidade.
Tentamos travar mas já não vamos a tempo.
Porque dentro de nós verdadeiramente já não queremos, nem podemos.

Assim vamos.
Rotos, despidos de memórias,
Começamos outra vez.
E outra e outra.
Sabemos apenas que, em certos dias, nestes saltos loucos e quase profanos,
Não estamos sós. Há umas mãos que nos afagam, pequenas, quase invisíveis.
E muito por isso continuamos.
Essas mãos, e os dias em que a queda abranda porque fez sol,
São o mapa da maturidade

JP SIMÕES

Já gostava de Belle Chase, de Cindy Kat, mas JP Simões a solo, ainda não tinha tido tempo de apreciar, sou um bocadinho lenta no que diz respeito à música. Não a dispenso por nada deste mundo, mas por vezes ando um pouco distraída, digamos que estou para as novidades como os pais estão para os filhos, no patamar dos cotas. Demoro um bocadinho a chegar lá e confesso que já fui mais reaccionária, isto é, já tive menos paciência para apreciar a novidade. Já há algum tempo que lia aqui e ali textos sobre JP, entrevistas com o próprio e etc...Tinha alguma curiosidade a que finalmente cedi(Salva pelo YOU TUBE é óbvio). Fiquei apaixonada pela música, pela voz que vem de dentro. Se puderem oiçam "Se por acaso", dueto com Luanda Cozetti. Ainda mais, fiquei com vontade de ver ao vivo acho que é um excelente anfitrião, fala com as pessoas e dá mais um pouco de si além da música, o que é simpático para quem vê. Ainda estou no início da descoberta, mas acho que vai valer a pena...