sexta-feira, 1 de maio de 2009

A MATURIDADE

De repente lembramo-nos de saltar.
Acordamos e descobrimos que estávamos mortos.
Que nunca nos levantámos
Que os gestos eram automáticos
Que a vida era de plástico
Que o tínhamos como certo, seguro e confortável,
Devolveu-nos o incerto, deixou-nos vazios.
De repente queremos a mudança,
E ela, teimosa e torpe não vem.

Vemos o caminho novo
E achamos que o devemos seguir,
E saltamos.
Mas o salto nunca mais pára.
Tentamos acomodar-nos nesse salto imparável,
Mas é impossível.
Apetecia-nos parar mas ainda assim continuamos.
Doentiamente sedutor, este caminho torpe que nos leva à maturidade.
Tentamos travar mas já não vamos a tempo.
Porque dentro de nós verdadeiramente já não queremos, nem podemos.

Assim vamos.
Rotos, despidos de memórias,
Começamos outra vez.
E outra e outra.
Sabemos apenas que, em certos dias, nestes saltos loucos e quase profanos,
Não estamos sós. Há umas mãos que nos afagam, pequenas, quase invisíveis.
E muito por isso continuamos.
Essas mãos, e os dias em que a queda abranda porque fez sol,
São o mapa da maturidade

2 comentários:

  1. Hoje, todas as ideias são imperfeitas!
    Hoje, não quero a mudança!
    Hoje, já não quero saltar!
    Hoje, estou vestida de memórias!
    Hoje, estou "imatura"!
    E, sim, hoje sinto-me sozinha!!!

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  2. texto belissimo! A foto nao merece tanto :) o que mais uma vez faz de ti uma escritora infinitamente superior do que e'o meu conseguir fazer click com a pequena camera. Parabens e mais..mais...mais...

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