quinta-feira, 30 de abril de 2009

A IMPERFEISSSAO

Este post é uma resposta a quem o visita e sente que o seu português não é perfeito, aqui vai a resposta:
nós, viciados na imperfeisssao queremos que a forma se dane!!!!!Queremos que este seja o espaço para dar vida às ideias ao sentido que elas transportam, a forma é absolutamente secundária aqui. Este é o reino dos imperfeitos, dos que acham que ainda têm muito a aprender com a vida e o mundo, dos que dão gargalhadas sem pensar que parece mal, e dos que choram e se emocionam quando assim tem que ser. Mas não queremos com isso dizer que os perfeitos não têm aqui lugar. Na imperfeisssao cabe tudo!Basta querer...

sábado, 25 de abril de 2009

AMESTERDÃO


Costumo dizer que, como não posso por agora viajar faço-o através das fotografias dos meus amigos. Esta é de Amesterdão, cidade que adorava conhecer. Cidade que tem colada a canção de Brel:
"Dans le port d'Amsterdam Y a des marins qui boivent
Et qui boivent et reboivent
Et qui reboivent encore
Ils boivent à la santé des putains d'Amsterdam
De Hambourg ou d'ailleurs
Enfin ils boivent aux dames qui leur donnent leur joli corps qui leur donnent leur vertu Pour une piéce en or (...)Et ils pissent comme je pleure sur les femmes infidéles Dans le port d'Amsterdam Dans le port d'Amsterdam."
Amesterdão lembra-me ainda "A Obra ao Negro" de Marguerite Yourcenar, que li quando tinha 17 anos e reli mais tarde. É diferente ler um livro aos 17 e outro aos 30. Naquela altura esse livro foi para mim uma revelação, intensa, verdadeira, difícil e irresistível. Senti ao lê-lo o que muito dificilmente voltei a sentir lendo o que li ultimamente. Não sei se por ser essa época da nossa vida em que sentimos tudo a dobrar, em que a vida é desesperadamente emergente e temos o coração e o espírito em constante busca de desafios. Mas naquela altura, aquele livro fez-me entender o que foi o século XVI, o desejo complexo de um homem em não ser apenas isso, o tumulto de uma época em que a verdade deixou de ser um paradigma e um dogma e assumiu um carácter mais volúvel à medida da humanidade de quem a questiona. Gosto de épocas em que se rasgam as folhas antigas dos livros decrépitos, em que se abandonam as mãos firmes do absoluto axioma e se caminha livremente. Admiro incondicionalmente quem tem a coragem para o fazer, quem ousou desafiar a estabilidade e o conforto dos fios seguros que nos ligam à vida. Gosto de pensar que isso é possível e que alguém foi bem sucedido ao concretizá-lo.
Senti-me um Zenão(personagem principal), senti que cresci ao ler as páginas deste livro, que ele fez de mim uma pessoa melhor e maior, ensinou-me mais sobre a vida e aquela época do que anos de aulas de história. E quando o reli voltei a imaginar como seria Amesterdão e sonhei que um dia qualquer poderia lá ir concretizando esta vontade irreal que nasceu com A Obra ao Negro. Se puderem leiam, é magnífico, difícil, não é de adoração imediata, dá luta, mas vale tudo isso.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

LIBERDADE

Como a polémica acerca da questão de que vou escrever a seguir já voltou ao adormecimento habitual de tudo o que é polémico, se fala muito e não se conclui nada, , já me sinto confortável a dar opinião sobre ela. Não gosto de escrever muito sobre assuntos que estão na moda, parece que tudo é um lugar comum. Também porque hoje é dia 25 de Abril, dia da Liberdade(Valor importantissímo para mim, palavra que só por si me preenche) e esta é para mim, acima de tudo uma questão de liberdade, cá vai, acho que é um texto um pouco longo, mas estamos no imperfeito certo?Ás vezes mostramos as nossas garras!
O casamento entre homossexuais.
Tento com um esforço quase estóico ser compreensiva e racional quando penso nos argumentos dos que se dizem frontalmente contra. Tento mas não consigo. Sempre que os leio, ouço ou discuto não há um que me convença. Ou melhor eu não quero ser convencida do contrário, porém poderia talvez entendê-los melhor, dar-lhes crédito, encolher os ombros e pensar”OK, eu não penso assim, mas o argumento é válido, e aceitável”. Não.
Confesso que os extremismos sempre me incomodaram. A histeria de quem brame os seus argumentos de uma forma demagógica, como se fosse a única e a mais valiosa é meio caminho andado para que eu já nem oiça, já não veja, já não sinta. Isto é, como diria uma Amiga minha “não estou nem aí!”. Tais pessoas dão-me náuseas, vómitos, deixo de as ouvir, não quero saber. Até posso concordar com o que dizem mas a forma como o dizem faz-me perder a vontade de as ouvir. Chamem-me intolerante e fóbica, não faz mal concordo em grau, género, número.
Voltando ao essencial, é com dificuldade que encaro esta nova polémica como tal, isto é compreendo que se fale dela, já que no nosso País a sua viabilidade é para já nula.
Mas não vejo qualquer eficácia prática na forma como tem sido discutida e também se estivesse na adolescência e a tentar ter opinião sobre tudo e qualquer coisa(eu era assim, se calhar hoje já
não…Não sei por enquanto ainda aguardo, as minhas crianças ainda não “adolescem”…) ficaria sem perceber muito bem qual a razoabilidade de uns e doutros argumentos. É bom que estas coisas se discutam, é bom porque a sociedade não é sempre igual, nem as pessoas se relacionam sempre da mesma maneira. A ser assim ainda estaríamos na Idade Média e Galileu não nos teria mostrado que ser teimoso e persistente, ainda quando o Mundo inteiro está contra nós e se acaba em chamas numa fogueira, vale a pena. Por isso seria agradável encontrar um consenso nesta matéria onde todos nos sentíssemos confortáveis. Impossível, já sei. Haverá sempre os que desditam de todas as mudanças em oposição aos que com elas se regozijam. De qualquer forma seria bom que com este assunto todos aprendêssemos qualquer coisa que é o que sempre se pretende quando ideias são debatidas, pelo menos num Mundo que se diz civilizado, seja lá o que isso for.
Digo desde já que não vou falar da Igreja porque me parece que não está em causa qualquer casamento católico, embora existam muitos homossexuais católicos, mas também, e ainda bem, também há muita gente que acredita em Deus e nem sempre concorda com a Igreja. Como diria um senhor Douto Professor, são realidades distintas.
Também não vou perder muito tempo a escrever sobre aqueles que defendem o casamento entre pessoas do mesmo sexo apenas como mais um slogan pós-moderno que confere um certo estilo a quem gosta de aparecer. Para esses isto é apenas mais um assunto para mostrar que se é “modernito” e que é cool defender as minorias, ou então dos que sempre foram do contra, a favor dos pobres e descamisados, por isso isto é só mais uma questão para dizer que não, não pode ser. Não lhes dou muito crédito já que eles próprios não o dão a si mesmos, já quase consigo não os ouvir, o que é bom porque são muito ruidosos. Estou para estes como Almada Negreiros”A minha paz é ignorar
Também tenho alguma dificuldade em visualizar A questão como se fosse algo amoral, como se eu mesma fosse um ser amoral. Talvez seja de mim, não sei, criatura por demais imperfeita, mas sem que me considere “imoral” ou “amoral”. Acho até, que a moral não tem nada a ver com isto. A verdade é que não consigo imaginar isto como uma questão moral, mas apenas como uma proibição legal. Eu acredito em Deus, muito. E ainda não duvido da minha fé porque sou daquelas palermas que não necessita de provas da sua existência para acreditar que ele existe. Pois eu sei que isso já não se usa e que se calhar devia era estar no convento a “estudar para freira”, mas é tal e qual há algum tempo, e não quero para já mudar. Dá-me um certo conforto este Deus. Ele não é castrador, discriminatório ou segregador, mas um Ser sublime porque tem sempre lugar nos seus braços para Todos mesmo os imperfeitos e os ditos “imorais”.
Não vejo porque duas pessoas do mesmo sexo não possam casar se assim o entenderem e desejarem. Se para elas essa união representar a comunhão de uma vida e a liberdade de amar e ser amado, um desejo de juntos caminharem e partilharem bons e maus momentos, de juntos concretizarem um projecto comum, respeitando o outro, as suas diferenças e amando-as como únicas, especiais e verdadeiras, sem que isso represente uma qualquer forma de opressão ou anulabilidade. Celebrar este desejo com quem nos quer bem é bom e, se calhar pode até ser uma recordação grata de um momento feliz. Estas também ajudam quando a vida é traiçoeira e nos desfaz. Pelo menos foi por estes motivos que um dia me casei. Na altura fazia todo o sentido. Hoje vejo o mundo de uma outra forma, acho que para se ter tudo isto o casamento não é uma condição, mas apenas um caminho paralelo, mais formal, quase “oficial” digamos, de se obter o mesmo. E confesso que de início, quando me predispus a pensar neste assunto, o meu lado mais prático levaram-me a pensar “mas por que raio é que estes querem agora casar, qual é o problema de se viver junto como um casal?”Porém entendo quem o queira fazer e quem o deseje. Sei que nestas decisões estão também implícitas muitas questões sucessórias, mas ainda assim, este argumento é demasiado pobre para o justificar. Há cada vez mais formas de protecção legal para quem vive em união de facto.
Por isso, para mim, o casamento entre homossexuais é, antes de mais, uma questão de liberdade, de se ser livre a fazer uma escolha. Se alguém optar por casar com um enorme burgesso(a) que o(a) espanca, humilha, trata mal, que de cada vez que esse alguém abre a boca o(a) manda calar e vocifera alarvemente, em tom de grande remate final, que essa pessoa é uma ignorante e só sabe falar de coisas insignificantes e sem valor. Porque a opinião desse alguém não tem qualquer valor e tudo o que ele(a) faz está mal feito e sobretudo, não pode, de forma alguma, dizer “eu não acho”, ou pensar de forma diferente porque é imediatamente fuzilado com um olhar e humilhações várias. E ainda assim decide toda a vida permanecer a seu lado, vivendo uma vida de plástico, hipócrita, (“vidinha de revista”), ninguém diz nada. Melhor, as pessoas ainda se acham no direito de empregar sempre aquela máxima, extraordinariamente machista e aberrante, “entre marido e mulher não se mete a colher”, ou então tiradas do tipo “coitado mas ele(a) até é muito trabalhador(a) e trata bem os filhos e paga as contas e não anda com outras(outros), o que é que ela(e) quer mais? E só atura porque quer!” Não é só porque quer mas porque a pessoa é livre de optar por viver assim, ainda que deixe de existir como essa pessoa, ainda que seja injusto e cruel para si mesmo e podendo lesar outros que pelo meio vão comungando deste modelo desacertado de vida em comum.. Porque se calhar quereriam apenas algo tão simples como respeito, consideração, reconhecimento, liberdade de pensar como lhe der na real gana e ser feliz como pessoa. Era só isso. Mas aqui não há nada de imoral pois não? È tudo normal.
Seria importante que as pessoas fossem mais flexíveis nos seus juízos morais acerca do que é diferente, que pensassem que a Pessoa Humana pode evoluir não apenas como ser mas como ser que se relaciona, e que, essas formas de relacionamento podem não ser estereotipadas nem estanques. Mas poderão acompanhar a progressão do homem na medida em que este quer e pode ser diferente. Mas não pode, é certo, porque se duas pessoas do mesmo sexo escolherem casar não têm aqui e agora liberdade de o fazer. E esta liberdade não interfere de forma alguma com quaisquer direitos dos outros, não lesa ninguém de facto. È uma escolha de quem quer viver a sua vida de uma outra forma. Não sei se melhor, se pior, sou heterossexual, mas entendo e aceito, como uma manifestação de liberdade quase suprema que haja quem o não seja e não queira ser. E essa liberdade não deve ser tolhida, esse direito que a pessoa tem de fazer escolhas, ainda que não sejam as padronizadas, e que impliquem mudanças por vezes dolorosas num Mundo intolerante e cruel para quem não segue os modelos aceites e impostos. Para mim é essa liberdade que está aqui em causa. Por isso tenho dificuldade em aceitar que o assim não entende. Na verdade para mim é apenas uma forma de limitar uma escolha a quem quer ser feliz. E isso é, a meu ver intolerante. Chamem-me o que quiserem, é o que penso.
Dizem-me que as coisas não são assim tão simples, que as pessoas não estão preparadas para estas mudanças, mas e a violência entre os casais é normal? Não há nada de imoral também aqui? As agressões em todas as suas formas são legítimas? Afinal, existem dois padrões para julgar a liberdade de escolha. Não deveria ser assim.
Deixo as belas e sábias palavras de Ricardo Reis que, muito melhor do que eu, disse tudo acerca disto
Para ser grande sê inteiro, nada teu exagera ou exclui, sê todo em cada coisa. Põe quanto és no mínimo que fazes. Assim em cada lago a Lua toda brilha porque alta vive”

OS AMIGOS

Ás vezes pedir ajuda aos amigos não custa tanto como pensamos. Não faz de nós pessoas menores ou incapazes, é só isso, um pedido. Sabemos que eles estão aqui mas há alturas em que faz bem ter a certeza. E ter a certeza não se basta com a convicção, são necessárias provas. Não são provas muito audazes, basta uma gargalhada ou um ouvir dizer que fazemos falta e que eles estão aqui para nós. Basta. Com isso estamos prontos para partir muros. É bom, eu acho!
Nem sempre é fácil porque há aquela sensação de que estamos a incomodar ou a falar do mesmo, ou que mais uma vez não conseguimos mudar o que deveríamos ou o que a eles lhes parece tão fácil que lhes dá vontade de nos abanar e dizer "Sai p'rá rua, e deixa-te de conversas"! Mas depois descobrimos que nos estima não nos julga verdadeiramente. Aceita-nos e dá-nos a mão, e descobri que ter alguém a dar-nos a mão quando temos que saltar é mais fácil do que saltar sózinha. Somos nós que temos que o fazer, é certo, mas sabemos que está ali alguém e aconfiança renasce. Por isso aos amigos!

segunda-feira, 20 de abril de 2009

ESTAR CONTENTE

Hoje estou contente com uma coisa simples e singela que para muitos seria banal mas para mim, saber que o que escrevo foi importante para alguém, é como se os dias fossem sempre quentes e o céu azul. Obrigada Escola da Noite, do fundo do coração obrigada.

domingo, 19 de abril de 2009

KAFKA - ATRAVESSANDO AS PALAVRAS HÁ RESTOS DE LUZ- TEATRO

Fui ver e é desvairadamente Kafkiano.
Antes disso devo dizer que esta minha ida ao teatro é mais uma volta, porque tinha há muito abandonado as idas regulares e frequentes, para me deslumbrar com a escola da noite. E deslumbrei-me. Parecia que estava a respirar um novo ar, que repentinamente se tinha aberto uma janela sobre o mundo. Uma janela nova que estava para mim fechada a cadeado, perra, enferrujada, velha e gasta. Sabia que se fosse ao teatro iria seguramente entrar numa nova dimensão, que isso iria ser como sacudir um velho lençol que estava empoeirado numa arca. A arca contém o que sei que devo fazer para libertar as palavras, aliás, contém as palavras, e olho para ela todos os dias, tiro tudo o que lá está e penso. O que posso fazer com isto e com aquilo, no fim volto a guardar tudo muito bem arrumadinho e fecho-a, adio para outro dia o desempoeirar dos sonhos, não, ainda não sou capaz. Hoje não.
Mas desta vez peguei sem pensar numa das mantas azuis e sacudi-a. Por acaso calhou-me o teatro, mas foi puramente por acaso, podia calhar uma ida a Lisboa, ou ao Porto ou ao fim do Mundo, mas foi o teatro.
E logo KAFKA. Labiríntico, doentiamente obscuro, pragmaticamente certo.
Já não me lembrava bem, do som das vozes que imita os ruídos de forma tão perfeita, da coragem e talento de quem declama um texto junto ao público com o à vontade de quem diz "bom dia". Durante o tempo em que estive ali sentada esvaziei a cabeça e entrei no mundo que me era proposto, o de Kafka. È sempre gratificante ver como alguém pega num texto e o transforma em teatro, como o desmonta mantendo a sua perfeição original mas travestindo-o com a sua pessoalidade. A atmosfera estava tão perfeita que parecia que estávamos dentro dos livros onde a tragédia e o riso se aproximam.
Gostei particularmente do desespero do cavaleiro que anseia por carvão, daquele desejo mortal, do misto de quem quer psicóticamente uma coisa banal que sem querer se transforma noutra de máxima importância, quase vital e inexorável, como se se não a obtivesse a seguir fosse morrer.
Gostei também do inevitável vazio do homem que, preso no espinheiro, aguardava pelo salvamento de quem não vem. Fez-me lembrar a vida, por vezes parva, ridícula e solitária. Gostei ainda dos diálogos com máscaras, cruéis, quase ensanguentados com tanta ira. Foi bom, foi como renascer, foi inspirador. Vão ver.
A companhia ajudou, quando se vê estas coisas com amigos que valem a pena e que a vida nos fez reencontrar parece que somos capazes de tudo.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

YOU TUBE

Adoro o YOU TUBE! Se calhar por razões idênticas às da mairoria das pessoas que amam música, eu amo. Não consigo imaginar a minha vida sem música. Se fosse só eu, a primeira coisa que faria quando acordasse, seria ligar o rádio ou colocar um cd. Acordo sempre bem, tenho esta "coisa estranha"de acordar bem disposta. Só quando estou doente é que detesto levantar-me, quando estou doente, fico quase insuportável, porque odeio, sinto-me limitada, abomino ter dores, de garganta, de ouvidos, de barriga, de dentes. ODEIO!E também fico um pouco queixinhas, ou melhor, faço queixas a mim mesma, porque tenho algum cuidado em não massacarar os outros e, porque também não há muita a gente a ouvir-me.
Mas, como acordo bem disposta apetecia-me imediatamente ouvir música. Só que para já não posso. E como contra o que não se pode, nada se pode fazer, aproveito o que tenho. E o que tenho é o YOU TUBE e é magnífico. Poder ouvir aquela música que já não ouvimos há anos e que está lá sempre na nossa memória, porque a tínhamos numas cassetes ranhosas já impossíveis de ouvir, ou porque já não encontramos o cd, ou porque tínhamos em vinil e já não temos gira discos, é mágico!
Com o You tube ouvimos quando queremos a música que queremos e se todos forem como eu, provavelmente não e ainda bem, podemos ouvir vezes sem conta o mesmo, de manhã, à tarde, à noite, conhecer de cor a letra, saber quando se repete o refrão, fingir que estamos a cantar com a escova a servir de microfone, porque tudo bem estamos sózinhos e ninguém vê!AAAAAAMMMMMOOOOO! A música preenche-me a alma, os vazios decadentes da vida e deixa-me ainda mais bem disposta! Ando constantemente á procura de algo novo, que me inspire e me faça pensar, mas nunca deixo as velhas, volto sempre lá.
Vou escrever mais sobre isto mais tarde.
Quero ir ao you tube pensar que os Joy Division estão de volta e ouvir milhões de vezes a voz trágica de Ian Curtis em Love Will Tear Us Apart(pode ser um lugar comum mas não me importo, gosto de o frequentar!!!)

terça-feira, 14 de abril de 2009

MORIARTY

Ouço Moriarty quando chove.
Para me esquecer da chuva que detesto.
Para me lembrar que amanhã poderá haver Sol.
Cottonflower é uma das minhas preferidas.
Não percam.

domingo, 12 de abril de 2009







Egg Chair, a minha cadeira favorita. Imagino-me sentada nela a escrever, a rodar, sentada e escondida. Se um dia a minha vida mudar vou comprar esta cadeira!



"Just do it"


Apetecia-me passar uma manhã a ler jornais na esplanada da livraria da esquina, e sentir o cheiro a café forte a inundar-me as narinas.
Queria escrever toda a noite e levantar-me ao fim do dia.
Apetecia-me ir jantar fora a um sítio longe, muito longe daqui. E a seguir ir ouvir música junto ao mar. Cantar e dançar como se não houvesse amanhã.
Tenho saudades de ouvir as pessoas passar, de sentir o vento na cara, de ouvir canções alto enquanto procuro um livro, de aspirar esse ruído e de o trautear, e de o meu coração bater com força a imaginar-me a dançar.
Queria comer um pacote de caramelos de fruta numa noite, no meio do riso abafado dos amigos. Daqueles amigos com quem contamos histórias de há muito tempo, histórias há muito guardadas dentro de nós.
Apetecia-me ir ao cinema ver filmes antigos que a seguir me fazem escrever.
Queria viajar pelo Mundo e conhecer de cor cada canto de cada cidade.
Apetecia-me ser um "Jedi" e ter o poder de cortar as cordas de uma indecisão estúpida que me deixa aqui.
Queria que esta torrente de ideias se tornasse verdadeira, que elas fossem quase axiomas e se materializassem em vida, em qualquer coisa criada por mim.
Apetecia-me olhar e não sentir pena, mas orgulho, do bom, do puro, do verdadeiro.
NOTA: Como o seu a seu dono, esta foto não é minha, apenas fiz o texto -para ver mais consultar underskincomma.blogspot.com

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Perfeito Vazio Música de Xutos e Pontapés

Encheu-me de lágrimas esta música e há tanto tempo que uma música não vinha assim direita a mim e me enchia de lágrimas.
Não tenho a respeito da música o sentimento de que ela serve apenas para nos alegrar. Quando me comovo com uma música isso não representa para mim nada de mau. Normalmente significa que o conjunto música/letra adquire uma perfeição tal que invade o meu mundo, pega em mim e trasporta-me para outro lado.
É difícil fazer grandes músicas com palavras simples. Simples sem que sejam em si banais. Simples porque nos atordoam de tão verdadeiras. Porque reproduzem a nossa vida, os nossos dias.
De repente ouvimos a música e sentimo-nos dentro dela, ela cola-se a nós e fica lá a fzer parte do que somos e a pairar de ânimo cheio. Apetece-nos rasgar as maldades do Mundo e recomeçar.
Perfeito Vazio descreve de uma forma quase genial o que todos sentimos num dado momento da vida. Todos já lá estivemos, todos já lá morámos, todos tivemos um dia vontade de lá ficar "imóveis". A melodia ajuda. Sabemos que ela é dos Xutos e poderíamos só por isso adorá-la. Mas desta vez, como em muitas outras, eles troxeram-nos algo mais. É nova e simultaneamente velha, é simples e complexa, é dos Xutos e é nossa. As palavras e a música cruzam-se aqui de uma forma avassaladora que me despertou e relembrou uma vez mais por que gosto deles há tanto tempo. Por que andam comigo desde sempre na minha vida. Acho que qualquer pessoa que goste deles pensa assim. Continuam a ter a capacidade única de passados tantos anos nos surpreender. Isto é muito difícil, é um pormenor raro, sublime e transcendente que muito poucos possuem.
Escrevo isto para que os Xutos percebam o que conseguem dar aos que deles gostam e para que não deixem nos oferecer nas suas músicas aquela alegria breve que inunda as nossas manhãs de luz. Trouxe-me tanta paz essa alegria, tanta vontade de viver e de me reinventar. Tanto desejo de mudança, de criar, de ser eu. Foi a ouvir a música deles que voltei a mim, foi a vê-los ao vivo que voltei a escrever.
Quando ouço o Perfeito Vazio caem-me as lágrimas porque me comovo e em tempos tão frios haver alguém capaz de nos "tocar" tão fundo é quase um milagre...

domingo, 5 de abril de 2009

Este devia ter sido o primeiro texto deste blogue. Porém, por defeito quem aqui escreve é imperfeito, e assim aqui vai.
Quando descobri o "admirável mundo novo" do " eu tenho opinião" descobri isso mesmo, muita opinião! Isto é parvo. Qualquer pessoa achará isto banal e concluirá, após estas linhas, "esta é louca", claro que qualquer palerma tem opinião, aliás, tem muitas opiniões, sobre o que quer que seja. É verdade, é um lugar comum é quase um axioma. Mas não para mim, criatura por demais imperfeita, que tem vivido, quase sempre, a achar que não. E demorou. Foram precisas horas, anos, segundos, quedas e pedras. Não foi uma evidência que se me apresentou, não, foi acontecendo. De início era apenas uma sensação ligeiramente inconfortável, mais uma inquietude anormal, escondida. Era como se o cérebro estivesse a "meio gas". Depois, num momento qualquer, no meio de nada, dei por mim a pensar"sim, concordo, não, nem por isso, talvez deste ou daquele modo fosse mais razoável". Não percebi logo, parecia que alguém estava a enviar-me recados em código morse, ou sinais de fumo, parecia que alguém me sussurava ao ouvido e eu teimosa, voltava a fechar a porta, aquela porta que eu não sabia onde ía dar. E, como todos sabem, o desconhecido é chato porque não sabemos como o desancar.
Eu sabia que havia qualquer coisa diferente mas preferia não pensar sobre o que pensava.
Não é muito fácil explicar isto, mas como foi uma coisa muito boa que me aconteceu talvez tenha acontecido a mais pessoas e pelo menos essas pessoas talvez o entendam.
Na verdade, até há pouco tempo tive muito poucas opiniões mesmo minhas. O que eu pensava era um conjunto de ideias de outras pessoas. Porém, eu ainda sabia, algumas vezes, dar a entender que não, que estas ideias, com as quais não me sentia muitas vezes sequer confortável, eram mesmo minhas. Mas não eram, não era eu. Não que não falasse, mas podemos sempre falar muito e dizer pouco sobre o que verdadeiramente pensamos, sobre o que é nosso acerca do mundo. Tinha medo do que era meu, do que os outros poderiam pensar do que era meu. E guardei tudo até agora a sete chaves só para mim.
Passei muito tempo a pedir desculpa, não apenas por existir como tal, criatura por demais imperfeita, mas também por não perceber o que a vida queria de mim. Ninguém entendia esses lamentos como tal, mas como uma boa desculpa para me aperfeiçoarem e indicarem caminhos. Caminhos que hoje já consigo questionar, caminhos que podem ser sensatos, correctos, ponderados, excelentes para todas as pessoas do mundo, mas desastrosos para mim. Mas na altura essas eram as soberanas verdades em que eu, cúmulo da insegurança, nunca tinha pensado nem visto! E durante uns dias isto apaziguava-me comigo e com todos. Tudo o resto era para mim uma tortura e as ideias quando levemente apareciam vinham aos tombos, batiam em tudo, desastradas e cegas. Na verdade, tudo era tão automático, que já não sabia pensar ou viver doutra maneira.
Hoje sei que é preciso pegar nas coisas(todas as coisas do mundo) e fazê-las nossas. E, agora, quando emito um som sobre qualquer coisa, as pessoas abrem muito os olhos, olham fixamente para mim e ouvem-me atentamente. Pasme-se, acho que só agora me viram, tipo, "olha esta está aqui e fala!"
Hoje descobri que é sempre arriscado emitir uma opinião sobre qualquer coisa, ainda não o faço sempre que quero ou da maneira que quero, mas já o faço e isso para já chega. E sei também que esse risco que corremos de alguém nos "desapreciar"(aqui podemos inventar palavras é o mundo da imperfeição!!!) é muito infeirior à vantagem de haver uma pessoa que goste de nós e se identifique connosco, basta uma, para destruir todas as agruras de termos conhecido as outras. Esta vantagem é tão saborosamente boa que supera milhões de vezes o afastamento de quem não gosta de nós. E isto não é conversa fiada é uma conclusão lógica de quem teve alguma coragem e mudou muitas coisas na vida. E olhem que não é nada fácil!

sábado, 4 de abril de 2009

E depois aquele frio gelado,
fino,
entrou dentro de mim.
Vi tudo como névoa.
Aquele frio cinzento e cruel.
Prendia-me àquele lugar.
Aquele frio, entrou dentro
de mim
e instalou-se como quis.
Parei sempre em todo o lado
com esse frio a gelar-me a voz,
os ossos.
Passei a olhar para a vida, deixei de fazer parte dela,
por causa daquele frio.
Ontem de manhã saí de casa e apetecia-me partir loiça. Apetecia-me que chovesse torrencialmente e que o vento desancasse as árvores com tanta fúria. Apetecia-me bater nas paredes e dar murros nas portas. Apodrecia por dentro e queria mesmo era apagar do cérebro esta melancolia lúgubre, e não sentir nada. Queria ir para um lado onde fosse possível fazer a vida andar para a frente sem ter que fazer o que quer que seja. Apenas andar, como se faz no dvd. Num espaço onde tomar decisões e fazer escolhas fosse apenas uma coisa que nos acontecesse. Sem termos que perder ou ganhar. Sem termos que apanhar pedras pelo caminho ou lamentar o tempo, a demora, o momento.
Apetecia-me, não era mudar de vida, mas gritar comigo e com a minha mesma vida. Acordar-me deste torpor e ver-me de fora a andar. Mas não, só esta angústia triste e tudo preto.
Cheguei à loja onde muitas vezes vou comprar um jornal. O dono é um senhor simpático que à hora do almoço deixa a mercadoria à porta, que vai a casa e deixa a loja aberta, anda sempre bem disposto e tem logo em cima do balcão aquilo que eu quero mal espreito à porta e digo bom dia.
neste dia havia mais pessoas que lamentavam a vida, de uma forma diferente da minha, mas que no fundo ía dar ao mesmo sítio. Intranquilo e quase demoníaco. Aquele lugar para onde vamos sempre que lamentamos a vida.
Quando já me vinha embora, depois de ter tentado que as palavras amáveis fustigassem de chuva boa a minha angústia parva, diz o dono da tabacaria, "sabe, minha senhora, é preciso ter calma e paciência que assim a vida vai".
Eu, fiquei muda, "a vida vai"...Estas palavras simples colaram-se a mim durante umas horas e depois, entre um mal e outro, pensava nelas, adormeci nelas por alguns minutos e achei que elas continham nas suas letras toda a sabedoria do Mundo.