domingo, 27 de novembro de 2011







Fez ontem dez anos que lhe dei a mão pela primeira vez.
Nessa altura ela ainda cabia inteira no meu colo, as mãos dela fechadas em novelo dentro das minhas
e os meus olhos cheios de lágrimas escondidas abraçaram-na
e ela era minha.
Disse-lhe ao ouvido que a adoraria para sempre,
e a vida encheu-se dela e de mim. E guardei-a pequenina,
e passei dias e horas a olhá-la a pensar como seria depois.
E hoje é depois mas ela ainda se senta no meu colo,
de lado e algumas vezes a correr,
ainda me diz ao ouvido, agora baixinho e depois da sua hora de armário, que me adora,
mesmo que antes disso me tenha detestado porque lhe disse que não.
Guardo-a dentro de mim hoje e sempre, e há dias em que,
sem que ela perceba, aperto-lha a mão devagar
e volto a esse momento em que a mão dela cabia toda na minha e ela era só minha.
Estas palavras e a música que ela hoje adora, mas que ainda cantamos as duas, alto e com o vento na cara, junto ao mar.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

TO A FRIEND




Naquele dia saí de casa e achei que não podia nada.


Subi as escadas duas a duas e lamentei a vida, circular, e minha.

A parte de mim que ficou por dizer.

O espaço por preencher

e a porta entreaberta.

E o meu riso sossegado onde permaneço,

como se não houvesse nessa hora meias verdades e a mesma estrada,

já não sei o que os meus olhos sentem quando ouço o mar.

Afastei a importância das coisas,

a sua definição concreta e o espaço que ocupam.

Para puder voltar ao que guardo sem deixar de partir.