Tenho uma vida clandestina onde só moro de vez em quando.
É uma vida por preencher para onde quero ir, mas onde só vou breves instantes.
Salto para ela, imagino-me nela e logo a seguir saio. Como se houvesse uma porta vai e vem, como se nela não pudesse ficar mais do que uns segundos, como a cinderela quando é meia noite. Deixo lá alguns sapatos de cristal, mas volto sempre à farrapice dos meus dias.
É uma vida censurada e mascarada com outra.
Entro nela sem que ninguém saiba, muitas vezes durante os dias. Imagino como será sendo essa vida a única.Imagino apenas.
Tenho as mãos presas com algemas invisíveis feitas de pensamentos e da comodidade do tempo. Incómodo sempre, mas preso preso preso a mim.
Imagino apenas, porque a outra, Poderosa, Cheia, está sempre a prender-me a ela, e atrasar-me o passo.
Mas hoje não, hoje é dia, e hoje vou rebentar a bolha à minha volta como se amanhã fosse morrer. Saltar para a vida, fechar os olhos e seguir...
NOTA: texto para a foto magnífica do underskin.comma.blogspot.com
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