terça-feira, 8 de setembro de 2009

O NINGUÉM


José Luís Peixoto criou num dos seus livros uma personagem a que chamou Ninguém.

Hoje essa figura está dentro de mim, sou eu.
Eu sinto-me um Ninguém, como se a minha existência fosse surda, muda e cega.
Não quero voltar ao sítio onde vivi submersa debaixo de um lençol, mas tenho tanta raiva de mim mesma por lá ter ficado tanto tempo,
por não ter visto,
por não ser melhor,
maior,
por nunca ter coragem,
por nunca sair de dentro de mim,
por me ter sempre escondido e esconder,
por não saber de cor, como tantos, um caminho para chegar a um sítio qualquer em paz.
Queria ter um mapa, alguém conhece algum?
Alguém nos diz como, de que maneira gerir a vida sem escorregar?
Se calhar não há maneira, nem mapa, se calhar vou ser este Ninguém muito tempo, muitas horas.

Eu sei, já sei

que tem que ser,

que não há maneira,

que é assim mesmo,

eu já sei.

Mas não podia ser menos???
Nota:Foto, como sempre de underskin

1 comentário:

  1. Mapa??? Mas assim a vida não tinha piada! Apenas seguiríamos por caminhos já feitos e não faríamos "os nossos caminhos"!
    E se fosses mesmo "Ninguém", surda, muda e cega (Livra, tanto defeito!) como explicas os teus dois fantásticos rebentos? Entre muitas outras coisas boas da tua vida, bem entendido!
    Aposto que quando um dos teus rebentos escorrega e cai, tu lhe dizes para se levantar e seguir em frente...Escorregar faz parte de viver! Depois passa...! ;)
    Bjs

    ResponderEliminar