segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

PATER



Tenho por Vicent Lindon uma admiração quase adolescente, embora, ao contrário de muitas outras que felizmente abandonei, esta manteve-se intacta até hoje. Há uns anos gostava do seu ar rebelde e glamorosamente lazy, hoje gosto da imperfeição do seu rosto e do ar melancólico com que diz as palavras. Fui ver o filme "Pater" a pensar nele, por ele, e pela minha companhia que me "raptou" dos dias iguais. Entre tanta monotonia, o diferente é sempre uma aposta ganha. E assim aconteceu. "Pater" de Alain Cavalier é isso mesmo e também uma imensa conversa política entre muitos planos gastronómicos, porque entre pratos se chegam a grandes conclusões. O resto está lá tudo, manipulação, insinuações, intriga. Mas também as bem intencionadas ideias que raramente se concretizam por falta de votos e a seriedade quase pueril dos homens bons. Do outro lado, uma porta sempre aberta a ilimitadas conotações, porque nada é dito de forma explícita, tudo se insinua e sussurra, tudo é torto, imperfeito e enviesado, sem que lá falte nada. Cavalier é esta imagem de homem inteligentemente sedutor a quem dificilmente diríamos que não, mesmo tendo por certo o arrependimento e a vã glória

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