terça-feira, 10 de abril de 2012
OS SILÊNCIOS - INGMAR BERGMAN
Há silêncios ensurdecedores,
enchem de pó e sujidade as mãos que os tocam,
Há silêncios que deviam ser escondidos,
destapados abertos,
esvaziados.
A estes silêncios devia dar-se o sentido das palavras,
e deixá-los imóveis submersos
longe dos outros, dos que são precisos
e que fazemos nossos.
domingo, 1 de abril de 2012
NÓS AS MÃES
Nós as mães fazemos aquelas
figurinhas tristes de roer as unhas como se não houvesse amanhã(as de gel e as
outras)
Apertamos as mãos a torcer para
que tudo corra bem, para que ninguém caia, para que as piruetas sejam
perfeitas, não haja esquecimentos e para que o próximo passo seja o ideal.
Nós as mães fechamos os olhos a
meio do salto como se isso fosse um elixir mágico que irá tornar o desempenho
perfeito, ou quase.
O coração bate descompassado e a
tremer, queremos ver tudo, mas também queremos que acabe depressa para que
finalmente possamos soltar a adrenalina e respirar fundo.
Nós as mães de repente somos
cabeleireiras, sem nunca termos tido qualquer intuição para pentear cabelo, cosemos
sapatilhas sem nunca termos sabido dar um ponto, corremos de madrugada a fazer
lanches e a preparar a roupa.
Nós as mães somos uma totós
quando olhamos para elas/eles corajosos que enfrentam uma sala cheia, e deixamos
as lágrimas correr desabridas, borratadas e a dada altura já nem queremos saber
choramos porque sim e porque não, porque eles/elas fazem parte e nós e uma
parte de nós está a crescer e a dar luta ao mundo.
Não aguentamos tanta comoção, o
coração extravasa e tem que ser.
Chamem-me o que quiserem, mãe galinha,
mãe chorona, mãe vaidosa, mãe possessiva, quero lá saber, vou chorar sempre e
sempre que algum dos meus filhos mostre ao mundo o que vale e concretize um
desejo.
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